Mentiras e argumentos

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Mentiras e argumentos

Não é novidade alguma que as redes sociais geraram uma espécie de PhD (o último e mais alto título acadêmico recebido por um indivíduo) sobre absolutamente tudo. Há situações que beiram até o ridículo, quando alguém defende alguma coisa com base no vizinho, em um primo do amigo, em uma amiga que disse...e por aí vai. Não raro, o fruto de estudos de muitos, em áreas específicas, geralmente é jogado fora com o tal “eu acho”. A dúvida pode ser plantada. No aristotelismo, por exemplo,  qualquer enunciado ou raciocínio falso que entretanto simula a veracidade pode ser compartilhado e até tido como verdade. Estamos, por conseguinte, na área do sofisma. Sofisma é um argumento ou raciocínio,  concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa. É a velha mentira com roupa de verdade. E honestamente qual de nós nunca usou de sofisma? Na justificativa de um mal feito, ou até mesmo por ter chegado atrasado a um importante compromisso. Sim, quem nunca mentiu? Então porque guardamos uma espécie de compreensão de que os que amamos, admiramos não mentem? Mentem sim e a depender podem até ser doentes, pois mentiras compulsivamente, mitomania.

Não faz muito um conhecido veio desabafar comigo uma traição confessada pela esposa, mas que, em verdade, dizia-me ele em reprodução ao que ouvira da esposa, o amante a seduziu, mas ela só pensava no amor que tinha por ele ( o marido). Ele acreditou piamente. Detalhe: a traição era algo em torno de uns 3 anos.  Não entro aqui no mérito das causas, ou mesmo da análise ética da situação, mas apenas o que este conhecido tinha ouvido e tomado como verdade.

Alguém já disse que a dúvida,  na vida, sobre qualquer coisa,  é uma inimiga silenciosa que, quando menos esperamos, nos assoma, em especial quando não buscamos o saber de quem sabe. Quem estuda filosofia sabe que há a dúvida metódica, criada por René Descartes, que consiste em uma atitude crítica de duvidar de tudo aquilo que é considerado como verdade. Naturalmente, o sistema cartesiano usa a dúvida como um método, mas para sair dela, seja o que for, precisa  conhecer o que se duvida, como disse acima: buscar o saber de quem sabe. Até o saber do próprio indivíduo, que açodado pela sociedade deixa até de saber quem é, confiando nos que outros dizem quem ele é por impressão, conjecturas ou mesmo pelos achismo sem sentido. Assim, é importante que saiamos destes conceitos de redes sociais e leiamos mais, busquemos nos conhecer, permitam-me o reforço:  a nós mesmos,  para sairmos dos recalques e convicções que nos impõem.

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