A música 'Que País É Este?', da banda Legião Urbana, é um brado, um grito aos problemas sociais que o Brasil vive. Lançada em 1987, composta por Renato Russo, na década de 70, mas se tornou relevante até os dias atuais. Não se trata apenas de uma abordagem da desigualdade social, mas também da corrupção, o desrespeito às leis, à Constituição. O povo brasileiro vem se notabilizando, penso que no mundo, por sua vocação – seria generosidade mal interpretada ou sentida? – em acreditar em fake news em falácias que, em verdade, é um tipo de argumento utilizado com a intenção de parecer verdade, porém quem opta por esse recurso geralmente omite algumas informações por trás do discurso, manipulando fatos e ideias para soarem como verdade. Por outro lado, no entanto, estudiosos do comportamento humano se referem a essa “tendência” como instrumento de convalidação do que as pessoas pensam e querem, logo afirmam as mentiras, passando-as adiante como instrumento de prevalência do que elas de fato querem, ou seja: quem divulga as mentiras está se protegendo da frustração, depressão da descoberta de que as suas tidas verdades não eram o que pensavam ser.
“É mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que elas foram enganadas”, este conceito é atribuído, sem comprovação, ao escritor e humorista estadunidense Mark Twain. Essa chamada alienação nada mais é que uma espécie de oxigênio para a vida de suas mentiras, que precisam ser transformadas em verdades. E nesses tempos de eleições é o que mais se vê e não mais com os escrúpulos de antanho, mas de forma despudorada, em interpretações e dramaticidades espetaculares. A repetição do questionamento 'Que país é esse?' funciona como um refrão que ecoa no sentimento de indignação e perplexidade diante da realidade do país. O que importa na política não é a santidade, mas o êxito das ações que conduzam ao bem pessoal e de grupos, e no fortalecimento de egos e interesses inconfessáveis.
Assim sendo, aprendemos que a tal máxima – “os fins justificam os meios” – atribuída a Maquiavel, mas a verdade é que não aparece no texto de O príncipe. Aliás, os estudiosos asseguram que Maquiavel não a escreveu. Mesmo assim, a frase acabou se consagrando como a melhor síntese de todo o seu legado, uma síntese tão rasteira que acabou gerando mal-entendidos.
A corrupção disseminada como anda, enfraquece as instituições e gera desencanto aos chamados representantes do povo. Assim, o dinheiro se consolida como grande patrocinador dos políticos e o cinismo como projeto de governo