Infelizmente, nesses dias de narrativas, diversamente do conceito formal da palavra, passou a ser usada como contraponto a alguma evidência de verdade. Narrativa se transformou em versão, para mascarar a verdade, ou mesmo dar uma roupagem de verdade ao que é mentiroso. Estamos vendo, assim, que tudo está se contaminando com as tais ideologias, principalmente as políticas, onde não apenas a desinformação, mas a invenção de fatos, como forma de prevalência do que se quer construir. A ideologia política tem influenciado a formação de conceitos sobre tudo, que chamarei caluniadores. As tais narrativas estão se prestando à elaboração de certos discursos eivados de sentimentos pequenos e danosos. Recentemente, o transplante de coração do apresentador Fausto Silva foi colocado, em razão da rapidez, sob essa suspeição caluniosa. Sem qualquer conhecimento procedimental, arrastaram para o campo do achismo a rápida recepção de um coração, através do SUS, para o famoso artista. E não importa coisa alguma, o que prevalece é o achismo multiplicado pelos canais das redes sociais, sem qualquer ideia de consequência, por exemplo, para as pessoas que aguardam na lista a chegada de um órgão, ou seja, potencializa ansiedade, medos, infundadas suspeições a quem vislumbra a retomada de suas vidas e dos seus familiares.
O pior, por outro lado, é que vemos tudo sendo contaminado pelo caráter político partidário e ideológico que se estabeleceu na sociedade brasileira. Ou seja, com o caso do apresentador de televisão Fausto Silva, o Ministério da Saúde veio a público para informar que entre 19 e 26 de agosto, 13 transplantes em igual condições do apresentador foram realizados em todo o país, dos quais sete ocorreram no estado de São Paulo. Segundo, ainda, a agência Brasil, no primeiro semestre deste ano, foram realizados 206 transplantes de coração no país. O total representa um aumento de 16% na comparação com a primeira metade de 2022, porém nada disto importa para os que querem apenas gerar confusão, insegurança, impondo mentiras. Apoiam-se na tal liberdade de mentir, para gerar terrorismo emocional a quem confia e aguarda a oportunidade de receber um órgão para voltar a ter saúde, no possível.