O pensamento fanático

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O pensamento fanático

Um dos assuntos com muitos comentários pelas redes nesses dias, foi o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, pousando de cara lavada ao ser flagrado em loja de produtos orgânicos com a sua compra, e era uma caixa de bom tamanho. Não teria nada demais, se ele não fosse tão alinhado a pautas antiambientais. A questão, entendo, não é apenas de hipocrisia, mas jogar com a saúde das pessoas que por admiração ao próprio ou fervoroso fanatismo ao seu grupo político, consequentemente, as suas ideologias, não vêm nada demais no consumo de alimentos carregados de agrotóxicos, enquanto ele, supõe-se, com informações privilegiadas, busca se livrar dos venenos. 

Infelizmente, o processo de fanatismo, seja em que direção for, desconsidera qualquer questão, a priori, de bom senso, sendo sempre conduzido pela paixão, pelo emocional. No século XIX, o psicólogo e sociólogo Gustave Le Bon chamou a atenção para as diferenças de comportamentos populares, sobretudo a determinados grupos políticos, principalmente os “extremos”: Fascistas e Comunistas. Em seu livro Psicologia das Multidões, Le Bon escreveu: “Nas grandes multidões, acumula-se a estupidez, em vez da inteligência. Na mentalidade coletiva, as aptidões intelectuais dos indivíduos e, consequentemente, suas personalidades se enfraquecem”. As suas ideias geraram conexões até hoje defendidas e estudadas, onde se crer como possível associar a falta de maior inteligência a uma doutrinação por quem protagoniza discursos que influenciam pessoas, defende Le Bom com verticalidade. Ele afirma, ainda, que os fanáticos, em qualquer direção,  não o seriam se não fossem abastecidos ideologicamente, sobretudo por discursos radicais que desconsideram pensamentos diferentes,  são falas inflamadas e direcionadas.

O estudioso afirma, no entanto, que essas pessoas que se colocam emocionalmente implacáveis em seu fanatismo não são, necessariamente, pessoas adoecidas, mas vivem em linhas fronteiriças. A literatura psiquiátrica existente sobre o assunto as classifica como um comportamento disfuncional, talvez um distúrbio em evolução na mente dos indivíduos. Toda forma de defesa de ideais faz parte do processo humano de abraçar convicções, fé...porém quando esse processo gera quebra do bom-senso, cisão com a realidade e os seus fatos, penso que pessoa alguma (salva a fanática) irá discordar que alguma coisa não vai bem. A civilidade, a vivência em sociedade sempre gerou e gerará controvérsias, pontos divergentes, mas no limite da urbanidade e das regras sociais e legais vigentes, não se pode transigir. Mas quando esta linha é ultrapassada, lamentavelmente o que se vê é um vale tudo que evolui a cenas trágicas, ou pelo menos dissociadas de ideais de bem viver.  
 

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