Pela passagem do mês de maio, hoje, darei uma escapulida da composição dos meus artigos para escrever algumas linhas sobre uma pessoa amada e de saudosa memória. Fonte das minhas inspirações, e motivo de me meter a escritor [risos], Maria Stella de Azevedo Santos, minha tia e posteriormente minha Iyalorixá, fez parte da minha criação e formação como ser humano junto a meus pais, onde pude aprender muita coisa, porém, muitas outras dúvidas ficaram pendentes, pois sua partida deixou esta imensa lacuna. Stella era à quarta irmã de seis filhos, onde a educação era o primor da família, da qual tive a honra de ser aluno de forma absolutadestes grandes mestres.
Se ela ainda estivesse entre nós em sua forma física, neste ano de 23, estaria completando 98 anos em 02 de maio. Faz 05 anos que ela partiu para o Orun, mas a sua passagem aqui na terra deixou muitos bons frutos. Tia Stella foi uma mulher a frente de seu tempo. Com um olhar visionário, e, pioneira em algumas ações, ela deixou marcas que a eternizaram. Tudo o que fez foi pensando no bem comum. Ela nunca foi uma pessoa de fazer algo esperando um retorno, tipo, “uma mão lava a outra!” Sempre fez com o objetivo de ajudar, e sem olhar a quem. Além do mais, tudo o que fazia era pensando na preservação do legado daqueles que passaram antes dela.
A educação sempre foi o ponto de partida em tudo o que tia Stella fazia. Além de provir de uma família de professoras, tia Stella, tinha Mãe Anninha, àfundadora do Opô Afonjá como sua grandeinspiração, que a partir da icônica frase dita por ela, fez com que tia Stella tivesse idéias geniais: “Quero ver meus filhos com anel de doutor, aos pés de Xangô”. Onde a frase faz referência à formação acadêmica, que naquela época estudar não era prerrogativa de gente preta, mas, que o sonho de Anninha era que aos pés de Xangô todos os filhos estivessem com anel de doutor. E a partir destanarrativa, tia Stella criou um museu dentro do OpôAfonjá, onde preservou um grande acervo desde a fundação do Terreiro, até pequenas lembrancinhas que eram dadas em dias festas. Este museu é o primeiro que se tem registro criado dentro de um Terreiro de Candomblé. Tia Stella idealizou tambémuma escola de ensino fundamental localizada dentrodo Opô Afonjá; montou uma biblioteca, além de outros projetos sócios educativos, que tinham adança, música e capoeira como grade curricular.
Talvez esse texto seja redundante para aqueles que já conhecem a história de vida de Mãe Stella de Oxossi. Por este motivo, não irei me alongar. Mas,dia após dia, ano após ano, é necessário lembrar e relembrar desta pessoa que foi de suma importância pra tanta gente. Mãe Stella só pregou o bem, e isso é digno de honrarias e de sempre memorar. E o que mais me deixa orgulhoso, é que todo este reconhecimento foi feito ainda em vida. E as homenagens póstumas são para ratificar todo o bem que ela fez quando por aqui passou. O seu nome de santo era Odé Kayodê, que significa; O Caçador que traz alegrias. E quantas alegrias ela nos trouxe! Porém, o significado de outro nome, que é o nome brasão da nossa família, pertencente a um negro africano do Daomé, chamado Konigbagbe (se pronuncia: Conibabê), e que casou com uma negraescravizada da etnia Egbá que se chamava “Maria”, exprime o que tia Stella significa pra mim:INESQUECÍVEL.
Só sinto orgulho em ser seu sobrinho e filho de santo. E que do Orun, a senhora continue me dando inspiração.
Ọkan mi ni, ọkan rẹ!
Meu coração é o seu coração!