As eleições americanas foram comentadas de cabo a rabo. Seria chover no molhado abordar os mesmos temas: os defeitos e virtudes do presidente eleito, os assuntos dominantes do seu futuro mandato, tudo está mastigado na mídia local e internacional, a mercê de quem quiser se informar.
A não ser de passagem, fala-se na retumbante vitória conferida a Donald Trump, pelo povo norte americano, na maioria de votos que obteve em todos os escrutínios de que participou, fazendo dele um presidente eleito pela vontade majoritária dos eleitores.
Parece inegável que os americanos consideram que a nação que liderou o mundo por tantos anos, está à beira de um colapso, com suas instituições contestadas e seus valores e costumes indo por água abaixo. Sinais muito fortes de decadência da sua sociedade, evidente diminuição de suas vantagens competitivas, ameaças a sua liderança no campo da inovação tecnológica e cientifica e, finalmente, o sistema politico democrático está ruindo dentro e fora do país.
A missão do novo presidente eleito é a de identificar e corrigir o caminho de degradação, falência e ocaso do Império, a fim de evitar que a grande potência americana seja destroçada pelo que tem sido a previsão dos grandes historiadores, que vaticinam o fim do Império.
Durante séculos assistimos a ascensão e queda das civilizações, muitas delas tragadas pelas invasões bárbaras, e o predomínio da Oclocracia, o governo de multidões, levando de roldão o poderoso Império Romano; a mesma concepção não passou despercebida pelo historiador árabe Ibn Khaldun; o filósofo italiano Giambattista Vico observou, em seu livro Ciência Nova que as civilizações experimentam um ricorso , as fases divina, a heroica e a racional para depois cair no que chamou de “barbarismo de relexão”; Henri St. John, historiador britânico, salientou que “as civilizações carregam as sementes de sua destruição; o próprio Adam Smith chamou a atenção para o fato de que a “opulência” levaria para “o estado estacionário”. Tanto Hegel, quanto Marx previram a dialética fatalmente conduziria a história dos povos ao seu destino final. É famoso o livro de Oswald Splenger, O Declínio do Ocidente. Ele imaginou que o século XIX havia sido o inverno do Ocidente, “a vitória do materialismo e do ceticismo, do socialismo, do parlamentarismo e do dinheiro”. Arnold Toynbee foi o mais emblemático de todos. Assistiu o suicídio das civilizações, “quando líderes param de responder com suficiente criatividade aos desafios que enfrentam”.
Vale a pena recordar o professor de Bill Clinton, o historiador norte americano Carroll Quigley: “um processo de evolução...cada civilização nasce... entra em um período de expansão vigorosa, aumentando seu tamanho e poder...até que pouco a pouco surge uma crise de organização. Quando essa crise é superada e a civilização se reorganiza... seu vigor e sua moral estão enfraquecidos. Ela se torna estabilizada e, finalmente, estagnada. Após uma época de ouro de paz e prosperidade, as crises internas surgem de novo. Então, surge, pela primeira vez uma debilidade moral e física, que levanta...dúvidas sobre a capacidade da civilização de se defender contra inimigos externos...a civilização se torna cada vez mais fraca, até que é subjugada por inimigos externos e, por fim, desaparece.”
Tal premonição é um fantasma que ronda os Estados Unidos da América.
Trump tem o desafio de vencer e superar toda a gigantesca crise moral, a crise da inteligência, a recuperação da capacidade competitiva a própria Democracia e a força vital do seu federalismo. Vejamos.