Nas relações humanas o orgulho (no sentido que os nossos pais falavam de não dar o braço a torcer) é um grande desestabilizador da harmonia nas relações. Vemos isso quando reclamamos que alguém do nosso núcleo familiar, por exemplo, é do tipo que nunca assume que errou...chega um momento que cansamos e o tecido da relação se esgarça, podendo até acabar. Já é difícil impedir os possíveis danos naquele núcleo, imaginemos quando o desestabilizador-orgulhoso é alguém de projeção, cujas suas considerações repercutem na sociedade em seu todo, penso, ser criminoso. Assim que vi as manifestações do deputado federal Osmar Terra que, depois de 12 dias de internado, por COVID-19, inclusive de ter estado na UTI, continua desqualificando a ação do Coronavírus, mesmo depois dele ter atendimento médico de ponta, em hospital particular, com toda atenção possível ali a tempo e a hora, diferentemente dos que precisam aguardar uma vaga pelo SUS...e tudo o mais que a gente sabe. Assim fica fácil falar, quando não é povo.
Se o orgulho, que todos temos, é danoso, em questões restritas, pessoais, na dificuldade de aceitar as próprias limitações e compreender a realidade que não queremos, imaginemos quando é uma autoridade que, por ter desenvolvido uma crença disfuncional de que não existe algo real, vai além do seu achismo. Imaginemos quando há repercussão na sociedade, pessoas dando atenção a achismo? O orgulho é uma defesa contra a sombra. A sombra corresponde a um aspecto da personalidade do indivíduo que possui comportamentos e sentimentos que não são aceitos por ele, logo, inconscientemente ele nega tais aspectos e passa a desenvolver um mecanismo para se defender deles, neste mecanismo pode então estar presente o orgulho, bem como existe sentimentos de inferioridade consigo, mesmo sendo alguém que julgamos, em valores humanos, como alguém diferenciado, poderoso. Algumas pessoas sentem muita dificuldade de assumir seus erros e concordar com os que se posicionam em sentido contrário, é o medo de se sentirem fracas, pequenas, humilhadas e nas “mãos do outro” faz com que elas criem jogos de “faz de conta”.
Os estudiosos do comportamento humano afirmam que os comportamentos orientados pelo orgulho são ainda, embora em adultos, atitudes de crianças mimadas, homens infantilizados, com o orgulho ferido e que tentam através das “armas” que possuem fazer o que julgam certo, justiça, a fim de mostrarem a sua ira e afirmarem a sua posição existencial de suficiência no mundo, desenvolvendo comportamentos prepotentes, arrogantes, “frieza” ou distanciamento emocional e necessidade de auto afirmação que evitam em alguns momentos entrar em contato com o sentimento de inferioridade, gerando em si, em contrapartida, novos conflitos psíquicos.