Crescem o número de mortes por coronavírus no Brasil. A morte de Eduardo Galvão, o estado grave de Marco Ricca, de Nicete Bruno tem gerado discussões na sociedade. É natural, haja vista que a pessoa pública se torna meio que parente, próxima, principalmente nesses dias de redes sociais, onde pode se acompanhar a vida comezinha dos artistas e celebridades, mas o fato é que o número de pessoas mortas, infelizmente, tem crescido. O conhecido psicanalista Christian Dunker afirma que a pandemia do novo coronavírus criou três perfis de comportamento diante da ameaça: o tolo, o desesperado e o confuso. Em entrevista à BBC News Brasil, os estudiosos afirmam que o tolo tende a negar a situação dramática como instrumento, forma de enfrentar o medo; o perfil desesperado se angustia ainda mais com a situação; já o confuso transita entre esses dois polos, sem saber direito como deve agir e pensar.
O 'tolo', esmiuça o estudioso, sente tanto medo que precisa negar o que está acontecendo. Então, ele diz: 'isso vai passar, foi uma invenção dos chineses, não precisamos ter medo'. A segunda resposta do tolo é a seguinte: 'ok, isso existe, mas eu sou uma pessoa especial, alguém me protege lá em cima, estou imune, nada me pega'. É outra forma de negar o medo. O psicanalista esclarece, ainda, que chama essa pessoa de tola porque era uma maneira que a filosofia antiga falava daquele que não era covarde nem corajoso. Para você ser um dos dois, precisa sentir medo, pois um regride e o outro ataca. Falta ciência e capacidade para o tolo ver o medo, ele não entende que ter medo é importante.
Ainda sobre o 'desesperado' é o contrário: ele substitui o medo pela exageração das angústias que já sente. Ele acha que não pode fazer nada, que a ameaça é tão poderosa que ele está perdido, um pobre coitado. A situação só confirma seus complexos infantis. Ele sente angústia e desamparo. Circulando, como disse acima, entre esses dois polos existe o tipo misto, que é o 'confuso'. Ele não entende direito o que está acontecendo. Uma hora acha que tudo está perdido; depois, fica mais otimista. Ou seja, ele não sabe direito como agir.
Fato é que precisamos aproveitar este momento, do qual queremos fugir tanto para resistir um pouco mais, pois o necessário distanciamento social deve nos facultar conhecermos a nós mesmos melhor, fisgar, segurar com força o fio da meada de nossas inquietações e puxar, desenrolar este novelo que foi se emaranhando ao longo de décadas, mas que agora, frente ao inusitado, cresce e nos engole. Se a possibilidade de tal tarefa parece impensável a sós que busquemos ajuda profissional, mas façamos uma limpeza deste porão que é a nossa mente, cheio de racalques que nos têm feito pessoas infelizes, porque não assumimos que já é passada a hora de fazermos uma limpeza em nossas sombras.