Em o seu livro Psicopata do Cotidiano, a psiquiatra Katia Mecler afirma que não estamos mais em momento de consideração de uma doença mental, pois esses psicopatas não perdem o juízo da realidade, nem os seus sintomas aparecem em surtos, delírios, alucinações, como vemos na esquizofrenia e outras psicoses. O que estamos vendo traços de personalidade disfuncional, com caracterização de traços patológicos de personalidade com danos e prejuízos a relacionamentos íntimos, familiares, sociais e profissionais.
Afirma a estudiosa que as redes sociais têm contribuído muito para que se afirmem tais psicopatas, haja vista a época em que a aparência vale mais que o conteúdo. As redes sociais se transformaram em plataforma de exacerbação de sentimentos diversos, sem cuidado com o que de fato somos ou sentimos. Oferece-se mais importância ao que temos ou ao que aparentamos que somos ou construímos, bem assim em que posição nos encontramos nas discussões. Não há mais o contraditório sadio, mas o contra ou a favor, seja do que for.
As pessoas vivem buscando identificar as características dessas pessoas que evidenciam esses transtornos de personalidade, e sempre serão as que evidenciam comportamento excessivo, diz a autora do livro. Geralmente, são perfeccionistas demais, tímidas demais, muito teatrais ou instáveis em exagero. Elas sempre agiram e ou reagiram da mesma forma, sem se acharem com algum problema. Sem falar, por outro lado, que nunca se responsabilizam por nada, estão sempre culpando os outros e manipulam a culpa como forma de se defenderem. Infelizmente, por outro lado, o elevado nível de violência e delitos que nos deparamos no dia a dia da sociedade tem reduzido a visibilidade social desse transtorno de personalidade, fazendo com que muitos passem sem ser notados e eles próprios não se dão conta que precisam de ajuda.
Parece que estamos no nosso cotidiano desenvolvendo uma espécie de adubo para a formação de, digamos, facetas da psicopatia, quando nos acostumamos com cenas violentas na televisão, filme ou notícias; quando sabemos de fome, miséria, dor alheia, desumanidade de toda natureza e vamos nos acostumando, ficando indiferentes.