Religião e poder

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Religião e poder

Volto aqui à questão de verdadeira promiscuidade que assola a vivência religiosa, de um modo geral,  no Brasil, em enredo sinistro entre religião e política. Não se trata, de forma alguma, de implicância de um crente (sou crente nas verdades críticas, à luz do Espiritismo) em relação a pregações e ou defesas ideológicas. Não. No entanto, sou observador dessa cena há 49 anos, sendo 47 à frente de uma instituição religiosa, e a desnudo de todos  vemos um forte vilipêndio ao entendimento dos Evangelhos de Jesus. Recentemente, chegou-me ao conhecimento um site supostamente espírita, onde uma mensagem atribuída a um espírito superior, relatava um fim trágico para dois ministros do Supremo Tribunal Federal. Em tom messiânico (bem ao estilo de quem quer construir uma imagem de paz) o locutor cita os nomes e vaticina um destino sombrio para ambos, bem como ovaciona um ex-presidente, como se fosse um ungido pelo Alto. Absurdo, um mínimo de conhecimento doutrinário evidencia a farsa. Espírito superior não profetiza nada. De forma semelhante, vi um vídeo de um frei católico satanizando o Espiritismo de tal monta, que não deixa dúvida, por quanto dito claramente, que o diabo conduz a doutrina de Allan Kardec. O clérigo também ataca a Umbanda. Tudo muito criminoso e sem manifestação da Procuradoria-Geral da República. 

Não para aí, no ano passado um vídeo que circulou pelo Facebook, um pastor de uma famosa igreja evangélica de Minas Gerais, aparece pregando em Belo Horizonte. Logo no começo diz: “Só vai ter marcha das vadias se você quiser. Só vai ter boate gay, parada gay... parada dos maconheiros, se você quiser. Outro dia, em Belo Horizonte, falaram comigo: ‘... vai ter a festa do Preto Velho’. Eu falei, ‘ninguém me pediu. Não aceito. Não vai ter’”. Então ele explicou como estragar a festa alheia: “Cheguei lá no meu grupo de jovens, chamei 20 jovens, falei ‘vamos dar um B.O. na festa do capeta?’”.   Cheguei e falei ‘preciso de 20 malucos para dar uma busca e apreensão no Preto Velho.’” O pastor diz que os meninos a meninos aceitaram na hora. E passa a gritar com a multidão que ouvia sua pregação: “Fica velho, mas não fica idiota. Faz faculdade, mas não vira um retardado mental. Não perde o sangue nos olhos. Não ... Não é porque agora está vestindo uma roupinha engomadinha que não pode dar uma busca e apreensão no capeta”. E assim a intolerância religiosa caminha. Fica fácil qualquer um saber quem e onde isso aconteceu, como dizem os jovens: basta dar um Google. Esses senhores alegam liberdade de expressão, até perseguição a eles, mas convenhamos - crime é crime, então mudem o Código Penal. 

Sim, está havendo uma escalada desse crime e nada tem sido feito, inclusive porque são pessoas que acumulam milhões de seguidores, geralmente fanáticos, que, em nome de Cristo, atacam sem dó nem piedade. Peço, mas nunca me mostraram onde, em qualquer dos Evangelhos, no Novo Testamento, há um Jesus atacando a fé de quem quer que seja, mas, isto sim, Ele dá boas lições na parábola do Bom Samaritano, bem como em conceituar os sacerdotes do Seu tempo. 
 

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