SÓ PRECISA DE RESPEITO

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SÓ PRECISA DE RESPEITO

Na última terça (11), a Cidade da Luz fez 42 anos, em uma festa inter-religiosa linda. Sempre acreditei que só as mentes de visão restrita pode realmente achar a sua religião a melhor, a que salva, como a conclamar o seu Deus com paixões e vinganças, a semelhanças dos deuses mitológicos, dentro daquela visão se estão comigo, sou por vocês, se não, persigo e fulmino. Curiosamente, estes estreitos, ainda que possam saber de cor todas a Bíblia, não conseguem transcender que cada um busca na sua religião, ou não, o que vem ao encontro de seus anseios, questionamentos, necessidades, não cabendo, consequentemente, imposição de natureza alguma. Há algo mais absurdo do que impor o conceito sobre alguma coisa que a outra pessoas não aceita? É superlativo da arrogância: creia no que creio, porque é o melhor, e se não crer você está perdido. Sim, alguns dirão, quero estar perdido e daí? Vá lá, cuida da sua “salvação” e dos que creem como você e viva os seus processo, deixando em paz os demais.

Nesse culto inter-religioso o ponto mais alto foi a entrada das representantes do Candomblé: mãe Carmen do Gantois, Ebomi Nice da Casa Branca, Cancomblé mais antigo das Américas e mãe Jaciara, do Abassá de Ogum, que teve a sua mãe morta pelo dissabor que vivenciou ao passar por dois momentos fortes de intolerância religiosa (a mãe Gilda, genitora de Jaciara, o dia de sua morte é o que se consagrou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa)...mas voltando: este foi o momento alto, porque vi cerca de quase três mil pessoas em atitude de total respeito e mais: de reverência à entrada dessas mulheres, que trazendo na sua religião a luta pela sua e nossa ancestralidade, se fazem altaneiras, destemidas e de muita fé.

Infelizmente, vemos aqui e ali atos de intolerância não sendo vigorosamente combatidos por autoridades públicas de relevância, atitude que pode soar como omissão, talvez até para não contrariar as suas próprias religiões. Lamentável.

Um país se evidencia em grande atraso cidadão, quando valores tão intrínsecos, de foro íntimo como o professar uma religião pode ser tomado em disputas, agressões e vilipêndios. Infelizmente, as religiões que mais se lançam à perseguição de outras, em especial as de matriz africana, constituem grande poderio de voto, e isto mete medo a atores dos poderes. Triste cidadania.

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