Geralmente, temo visto pelas redes sociais, diversas pessoas têm justificado algumas irregularidades, até mesmo crimes, comparando delitos atuais com outros ocorridos no passado, não muito longe. Em uma espécie de “o outro foi pior”, ou então “porque não fala disto, daquilo”. O ser humano é sim tendencioso a buscar formas de mobilização de processos para proteger de suas angústias de constatação. São as defesas do ego. Busca-se justificar, explicar, dissimula e naturalizar a percepção do perigo interno, em função de perigos reais ou imaginários localizados no mundo exterior, envolvendo a si e ou pessoas de seu afeto. Freud bem estudou, colocando como principais: repressão, negação, racionalização, formação reativa, isolamento, projeção e regressão.
Dito isso, ao que parece, essas tais justificativas têm gerado também uma espécie de estímulo para acometimentos antiéticos, criminosos...nesses difíceis tempos de pandemia. Estamos vendo em especial dois crimes sendo denunciados, mas sem apenamentos que deveriam servir de exemplo, falo dos fura-fila e vacina de vento. No primeiro, pessoas, normalmente influentes na cidade ou parentes de políticos, conseguem se imunizar mesmo sem estarem nos grupos prioritários. No segundo, enfermeiros ou técnicos espetam o braço de brasileiros sem apertar a seringa. Ambos repugnantes, mas o da vacina de vento é horrendo, pois verdadeiramente rouba a chance de um idoso ter sua vida protegida do coronavírus.
No caso da vacina de vento, explicam os operadores do Direito, se a intenção for vender a dose ou reservá-la a outra pessoa, quem faz isso comete crime de peculato, artigo 312 do Código Penal, com possibilidade de ficar preso de 2 a 12 anos, mas não temos visto nada disto. Parece que se tornou algo natural, como tantos crimes que se naturalizam no Brasil. Peculato é a subtração ou desvio, por um servidor, de dinheiro, recursos ou um bem público para proveito próprio ou alheio. Ainda existe o crime de periclitação da vida ou da saúde, que acontece com pessoas muito idosas correm o risco de morrer por causa desta ação.
É necessário que essas ações sejam investigadas como rigor, para que os idosos, que não bastando as suas angústias, dores condizentes com as suas idades, ainda vivem a ansiedade, os que já foram vacinados, se, de fato, receberam mesmo a vacina. Recebi neste final de semana mensagens de duas idosas exatamente com este questionamento. Naturalmente, que busquei acalmá-las, mas sinceramente não sei. Perguntei se quem as acompanhou tinha prestado atenção, não souberam dizer. Aí está. Fiquemos atentos aos nossos idosos, que vejamos sim a retirada da vacina do frasco e a sua aplicação, sem qualquer tipo de constrangimento, pois infelizmente muitos brasileiros têm a sua desonestidade acima de qualquer princípio de empatia e ou cuidado com outros. Não falo de bandidos, traficantes, não...falo daquelas pessoas que podem aparentemente estarem acima de qualquer suspeita. Tudo muito deprimente e revoltante.
