Em recente artigo no Estadão, o general Santos Cruz, que já comandou a Secretaria de Governo, do presidente Bolsonaro, evidenciou preocupação com os rumos da violência no cenário político-partidário do Brasil no próximo ano. Não há de se desprezar, no meu sentir, tal alertas, haja vista de como os acirramentos estão vazando as raias dos processos opinativos naturais pessoais, para o campo das palavras chulas e agressões ferozes pelas redes sociais.
Não sobram dúvidas de que o exercício dos direitos cidadãos, em qualquer campo da atividade social brasileira, precisa ser respeitado, naturalmente por força de uma sociedade política que deve primar pela integridade democrática, em toda a sua extensão e expressão. Isso, no entanto, não significa tornar as divergências em questões pessoais, que precisam ser resolvidas pela truculência verbal, porta de entrada para o aprofundamento da necessidade de se ir mais adiante nos confrontos, que poderão, não sendo estancados, por líderes de massa, chegar sim a enfrentamentos físicos, como vemos, infeliz e lamentavelmente, em muitos encontros de torcidas no futebol.
A violência política tem se tornado uma espécie de regra de convivência de pontos de vista diferentes, sem, até o momento, qualquer desestímulo por parte de suas lideranças. Dá-nos a impressão, aos que buscamos compreender os processos humanos, que tais situações de extremos conflitos entre correligionários de distintas agremiações partidárias são vantajosos, para seus líderes, tornando-se úteis para proliferação de ideais dos seus postulantes e estimuladores de suas próprias defesas ideológicas. Falo do conjunto da própria sociedade política e dos seus valores egoístas que, em verdade, deslegitimam os de interesses coletivos. Já se acumulam atos de violência inconcebíveis nas hostes de um país democráticos. Benny Briolly, por exemplo, primeira vereadora transexual eleita em Niterói, Rio de Janeiro, anunciou no último 13 de maio que “precisou sair temporariamente do país por conta de ameaças a sua integridade física”. O anúncio foi divulgado pela equipe da vereadora no perfil oficial do Twitter.
O ano de 2020 representou aumento substancial da violência política durante a campanha eleitoral, com alta de 196% nas ocorrências de assassinatos e atentados somente nas primeiras semanas de setembro. O período de 2 de setembro a 29 de novembro, teve aumento de 371% em casos dessa natureza. Os dados são do relatório "Violência Política e Eleitoral no Brasil", produzido pela iniciativa Terra de Direitos e Justiça Global. Precisamos ficar atentos, para não refletirmos ao mundo que somos um país de intolerantes dos valores fundamentais que propugnam do Art. 5 da Lei Maior do Brasil.