O médico e influenciador, ou talvez na ordem inversa, digital brasileiro Victor Sorrentino, preso por assédio no Egito na última semana, foi solto pelas autoridades locais e chegou ao Brasil neste domingo. Ele postou em suas redes sociais cenas de assédio a uma mulher egípcia mulçumana. Pensando ser divertido, publica em suas redes sociais gracejos chulos, com claras manifestações sexuais. Esse material chegou às mãos das autoridades do Egito, que o detiveram para averiguação. Naturalmente, aí ele viu, como falamos por aqui na Bahia, que berimbau não é gaita. Acostumado ao clima de impunidade, no tratamento abusivo às mulheres e outros gêneros, o brasileiro pensa que por todos os lados é da mesma forma. Sorrentino se deu mal, e correu atrás da funcionária da loja de pergaminhos, para que aceitasse o seu acovardado pedido de desculpas, certamente sem risos fáceis, nem arroubos de arrogância.
O comportamento de homens que assediam tem sido há vários anos estudado por especialistas do comportamento humanos, que tentam determinar se há, de alguma forma, alguma prevalência de tendência, motivada pelo que for, para que uns tenham mais este comportamento do que outros. Busca-se entender se é uma conduta de cultura ou revela algo mais no campo do desalinho psicológico
Uma referência neste campo de estudo é o psicólogo John Pryor, professor da Universidade Estadual de Illinois, nos Estados Unidos. Pryor se dedica ao tema há diversas décadas e desenvolveu, em 1987, um teste para medir a tendência ao assédio, uma escala chamada de “Likelihood to Sexually Harass” (probabilidade de assediar sexualmente, em tradução livre). Nessa escala, o estudioso identificou fatores que, entre si, os assediadores compartilham: falta de empatia; crença em papéis sexuais tradicionais para os gêneros; tendência à dominância e ao autoritarismo; ambiente de impunidade e posição de poder.
Honestamente, espero que o “engraçadinho” Dr. Sorrentino tenha aprendido a lição, pois não guardo dúvida alguma que o medo chegou forte a sua alma, considerando que não estava em um lugar onde tem centenas de milhares de seguidores, bem como a sua “importância” social não seria considerada.
Tenho caminhado a convite de diversas instituições de estudos por este mundo afora e infelizmente somos, como povo, muito mal vistos pela conduta que temos, sempre nos achando os engraçadinhos dos lugares e oportunistas de situações. Lamentável também saber o Brasil nesse quadrado, sem trocadilho com prisão.