70 anos de trio elétrico
Confira o editorial desta segunda-feira (24)

Foto: Gilberto Júnior/Farol da Bahia
O trio elétrico é uma invenção que dinamizou e revolucionou o Carnaval de Salvador. Hoje, 70 anos após a criação deste aparato, creditada à já lendária dupla Osmar e Dodô, é impossível pensar na folia da capital baiana sem os caminhões adereçados de caixas acústica, palco e até camarote, responsáveis pelo povoamento dos circuitos, com turistas do mundo inteiro.
Os anais do carnaval soteropolitano contam que foi a população quem batizou o carnaval sob rodas de Dodô e Osmar de trio elétrico – era o nome da banda da dupla que, na década de 1950, se jogou no Pelourinho tocando violão e cavaquinho que eles mesmos amplificaram, ligando na bateria do carro.
A representatividade do trio elétrico ao Carnaval de Salvador é absurda. Todas as atividades da festa rondam os circuitos por onde passa os trios elétricos. Devido à mobilidade, vai até os foliões. Circula em cerca de cinco horas, ficando frente a frente com um novo grupo de brincantes a cada 20 metros. É a força máxima do carnaval popular de rua, democrático.
As adaptações, novidades e todas as parafernálias adicionas ao longo das décadas (voz, por exemplo, foi definitivamente incorporada apenas em 1975 – Moraes Moreira foi o primeiro a cantar num microfone em cima desta invenção), demonstram a perseverança do trio elétrico. Em simbiose perfeita com o Carnaval, a agora carreta elétrica evolui para ampliar sua representatividade na festa carnavalesca de Salvador, como se sempre estivesse nas ruas e avenidas da capital. Tem todos os elementos para, sim, virar um patrimônio cultural.