80% das grandes cidades brasileiras têm queda recorde de casos de Covid-19
Número de casos registrados em outubro é o menor desde o início da pandemia
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
O monitor de aceleração da Covid-19, da Folha de São Paulo, aponta que quatro em cada cinco cidades com mais de 100 mil habitantes no Brasil tiveram redução de novos casos da doença em outubro, maior índice de toda a pandemia.
O mês de outubro teve, em média, 260 cidades no estágio de desaceleração, quando o número de novos casos está em queda. Isso representa 80% das 326 cidades com mais de 100 mil habitantes.
E maio de 2020, mês considerado de pico de contágio da Covid-19 no país, a média de cidades em desaceleração de casos era de somente três. Já em outubro deste ano, a realidade mudou: apenas 16 municípios, cerca de 5%, registravam alta diária no número de novos casos da doença.
Em junho do ano passado, 287 cidades grandes, cerca de 88%, registravam crescimento expressivo e descontrolado no número de novas infecções pelo novo coronavírus. O pior índice foi em maio de 2020, quando a média diária de cidades com redução de casos chegou a três.
O monitor tem ainda outras três classificações possíveis: estável (quando o número de novos casos é constante, mas diminuído), reduzido (quando não há nenhum ou muito poucos novos casos) e inicial (quando os casos são a surgir, no início da epidemia )
Entre as 27 capitais do Brasil, 21 passaram todo o mês de outubro no estágio de desaceleração. É o caso de São Paulo, Salvador, Manaus, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre, por exemplo. Já Boa Vista, Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Teresina e Vitória teve parte dos dias em situação estável ou de crescimento acelerado de casos, embora a maior parte do mês tenha sido em desaceleração ou estabilidade.
Os dados do mês de outubro também indicam que esse foi o mês com o maior número de cidades grandes sem mortes por Covid-19, desde maio de 2020. No total das 5.570 cidades brasileiras, 3.612 (65%) não tiveram óbitos no mês passado. É o maior percentual desde maio de 2020 (72%).
Renato Kfouri, pediatra e diretor da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações), disse em entrevista à Folha de São Paulo, que vê com otimismo a queda no número de casos e afirmam ser decorrente, principalmente, do avanço da vacinação e, mais especificamente, de uma vacinação recente no país.
"É o grande impacto de uma população com uma cobertura elevada vacinal e recentemente vacinada, pois a gente já sabe hoje que as vacinas perdem parcialmente a sua proteção com o passar dos meses, embora a proteção para casos graves, hospitalizações e óbitos seja mais duradoura ", explica Kfouri.
O monitor de aceleração da Covid é um modelo estatístico desenvolvido pelos pesquisadores da USP Renato Vicente e Rodrigo Veiga. Baseado na evolução dos casos em cada local (cidade, estado, país), tem como parâmetro um período de 30 dias, com maior peso para o período mais recente.
Com isso, é medida a aceleração da epidemia, ou seja, a forma como o número de novos casos crescendo ou origin. Os números são diariamente (a cada atualização, o dia mais antigo da série de 30 dias sai do cálculo).
Na classificação, o modelo considera o estágio mais presente nos últimos sete dias. Assim, a estabilidade maior da classificação diária, mudanças evitando possíveis bruscas causadas por problemas na divulgação dos dados pelas secretarias de Saúde.