“A conta chegou”, diz Presidente do BC sobre os gastos feitos na pandemia

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (28), que o cenário fiscal para o Brasil e outros países do mundo se tornou mais desafiador após os gastos substanciais realizados durante o auge da pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2022. Durante um evento em São Paulo, organizado pela corretora Warren, Campos Neto enfatizou que "a conta chegou" e que é crucial manter a prudência no equilíbrio das finanças públicas.

Ele observou que diversos governos resistiram a retirar os programas de gastos implementados durante a pandemia, alguns dos quais, inicialmente temporários, foram transformados em permanentes, ou programas que deveriam ser gradualmente reduzidos foram intensificados.

Campos Neto ressaltou que, para o Brasil, o desafio fiscal se tornou mais complexo, considerando o contexto global. Ele indicou que parte do mercado financeiro olha com cautela para as metas estabelecidas pelo governo para a estabilidade das contas públicas, especialmente no que diz respeito ao marco fiscal. Isso se deve, segundo o presidente do BC, à necessidade de o governo garantir fontes significativas de receita.

Em relação à meta de zerar o déficit primário até 2024, conforme estipulado pelo marco fiscal, Campos Neto enfatizou que para alcançá-la seriam necessários pelo menos R$ 100 bilhões adicionais em receitas. “A gente pode pensar em algumas coisas, mesmo que não tenham resultado imediato. Se conseguirmos ganhar, em termos de expectativa, um voto de confiança para atravessar esse período, até chegar a um momento de crescer mais e gerar mais receita, todas as iniciativas fazem sentido”, concluiu