A corrida pela vida
Confira o editorial desta terça-feira (24)

Foto: Divulgação
O lockdown global (fechamento de todas as fronteiras dos país) para desacelerar a disseminação do Covid-19 (novo coronavírus), já alçado por diversas nações do mundo, é contestado por parte da comunidade científica. O risco sobre a extensão deste mecanismo de defesa é o ponto mais questionável.
A equação não fecha. Enquanto as economias encolhem e a sociedade se tranca em casa, o vírus continua ceifando vidas e infectando outras, numa escalonada diariamente crescente, de variáveis mínimas. A dúvida que paira, a grosso modo, parece cruel, mas é deveras pertinente: até quando vale deixar a vida em stand by à espera da cura? E quanto à próxima geração?
Por certo que epidemiologistas sérios e especialistas em saúde pública estão a par das decisões das autoridades, tudo é mesmo cientificamente calculado. Reduzir o contato social, especialmente aquele mais intenso e caloroso de aglomerações é pensar no coletivo e no futuro, numa guerra constante contra a Covid-19 que, pela tangente, estrangula o individual.
John P. A. Ioannidis, um epidemiologista e co-diretor do Centro de Inovação em Meta-Pesquisa de Stanford, escreveu semana passada que a letalidade do novo coronavírus ainda é questionável, isto é, ele coloca em dúvida se um lockdown por tempo indeterminado ajuda de fato a ‘salvar a humanidade’.
Ele escreveu, com uma interessante analogia: “Paralisar o mundo todo com implicações financeiras e sociais potencialmente tremendas pode ser totalmente irracional. É como um elefante sendo atacado por um gato doméstico. Frustrado e tentando fugir do gato, o elefante acidentalmente pula do penhasco e morre”.