"A corrupção é uma pandemia universal", diz ex-senador Luiz Estevão preso por corrupção
Condenado a 25 anos, Estevão cumpre pena em regime semiaberto
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Em entrevista à revista Veja, o ex-senador Luiz Estevão de Oliveira Neto (DF), preso por corrupção, teceu elogios ao juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça do governo Bolsonaro, e comentou sobre políticos que ele compartilhou cela, além de ter conhecido figuras da Operação Lava-Jato.
Luiz Estevão, de 70 anos, foi condenado a 25 anos de prisão por peculato, estelionato e corrupção. Atualmente, ele cumpre pena no regime semiaberto, o qual lhe permite sair do presídio da Papuda, em Brasília, todos os dias ás 7h da manhã e retornar às 21h.
De acordo com o ex-senador, apesar de no fim do ano já passar para o regime aberto, seus bens financeiros continuam bloqueados pela Justiça. "Eu devia quase 800 milhões de reais do dinheiro que me acusam de ter desviado e me cobram uns 2 bilhões em impostos", disse.
Estevão foi preso após uma decisão de segunda instância, e tornou-se o primeiro "figurão" a ser preso. Na entrevista, ele confirma que reformou o presídio da Papuda a pedido do ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, morto em 2014, para realizar uma obra clandestina.
Ele ainda afirmou que "a corrupção é uma pandemia universal", e que o juiz Sergio Moro beneficiou o Brasil porque não mediu esforços para derrubar os instrumentos que permitiram frear a Lava-Jato. "Ele [Sergio Moro] deu um basta, provocou um tsunami que atingiu em cheio esse submundo que conheço bem. A roubalheira diminuiu muito porque as pessoas agora têm medo da prisão", enfatizou.
No presídio, Estevão conheceu o ex-ministro José Dirceu, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o ex-assessor do presidente Michel Temer, Rocha Loures, entre outras figuras políticas. Chegou a dividir a mesma cela com José Dirceu, onde, segundo ele, tiveram uma "convivência extremamente boa". "Ele não reclama de nada, não se queixa de nada, nunca o vi se lamentando, o que também é o meu perfil", comentou.
O ex-senador também dividiu cela com Geddel, Estive com o Henrique Pizzolato, Ramon Hollerbach, que choravam muito e utilizavam remédios antidepressivos. Muitos deles enfrentaram situações de profunda depressão a ponto de eu chegar e dizer: “Você não vai tomar remédio agora não. Seu remédio vai ficar comigo e eu vou lhe dar todo dia a dose certa”. Com que autoridade eu fazia isso? Nenhuma. Mas pensava: “Esse cara um dia vai se matar”, disse ao afirmar que se preocupava com a grande possibilidade de suicídio de alguns dos presos do mensalão e da Lava-Jato.