"Acho que exige uma abordagem nova", diz Bonner sobre debates presidenciais
Jornalista que mediou o último debate entre presidenciáveis da TV Globo avaliou que nível de tensão tem aumentado
Foto: Reprodução/TV Globo
Após o debate entre candidatos à Presidência do Brasil, transmitido pela TV Globo, na noite de quinta-feira (30), o jornalista e apresentador do debate, William Bonner, avaliou que o nível de tensão desses momentos tem aumentado a cada eleição.
"E não é uma coincidência que isso se dê simultaneamente com o surgimento e o crescimento das redes sociais. A intolerância belicista que elas alimentam se dissemina para fora do universo digital, virtual. E é claro que a política é o ambiente para a tempestade perfeita", afirmou o jornalista em entrevista ao jornalista Anselmo Gois.
"Mas nós estamos aprendendo todos os anos. Todos os dias. E eu acho que o debate de ontem (quinta-feira) inaugurou um novo tempo, em que candidatos sem nada a perder podem se dedicar a sabotar a dinâmica previamente combinada. E não importa com qual propósito. Isso é novo e acho que exige uma abordagem nova", acrescentou.
De acordo com Bonner, o mediador dos debates tem mais o perfil de um árbitro. "O sujeito que faz todo mundo cumprir regras de conhecimento geral e com a concordância de todos. Faço isso há 20 anos — o que me assegura algum grau de tranquilidade", pontuou.
O jornalista afirma que, com o passar do tempo, as regras precisaram que ser atualizadas. "Antes não havia necessidade nenhuma de as regras de um debate preverem punição para quem as desrespeitasse. Pessoalmente, acho que esta questão terá que ser abordada de agora em diante, no sentido de preservar o valor de um debate entre candidatos para o esclarecimento dos eleitores", afirmou.
"Hoje, a lei eleitoral obriga as emissoras a convidar candidatos de partidos que tenham ao menos meia dúzia de parlamentares. Isso aumenta muito o número de participantes. Talvez seja o caso de estabelecer uma regra que aumente a exigência de representatividade política para que um candidato participe dos debates”, finalizou.