Ajuda contínua e duradoura
Confira o editorial desta segunda (1)
Foto: Divulgação
São escancarados os reflexos da pandemia da Covid-19 na saúde mental, que pode levar pessoas a óbito, assim como agravantes provocados pela própria doença do novo coronavírus. Casos de depressão, transtorno de ansiedade e até suicídio poderão ser consequências destes tempos de isolamento social.
É neste cenário que, assim como em 2020, a campanha do Setembro Amarelo, ao longo deste mês, deve ser uma bandeira urgente e respeitada, além de divulgada, por todos os setores da sociedade civil, organizada e também pelo poder público.
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio - hoje busca prevenção a tantos outros problemas relacionados à saúde mental. No Brasil, foi criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar à cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).
De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, divulgado em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de suicídios no Brasil em 2020 foi de 12.895, com variação de apenas 0,4% em relação a 2019, quando foram registrados 12.745 casos. A pandemia, o medo do contágio, o confinamento e as incertezas não necessariamente levaram um maior número de mortes, mas é um espectro que ronda muitas pessoas, a lacuna que as campanhas do Setembro Amarelo querem preencher com esperança e perspectivas.
Diálogos e discussões que abordem o problema e a prevenção ao suicídio são fundamentais, sempre, independente do mês. Mas nada adiante se for feito sem sensibilidade. Traumas e medos são sempre peculiares àqueles que os sentem e os vivenciam, mas quem está disposto a ajudar, seja o indivíduo ou um órgão público, deve demonstrar interesse em oferecer ajuda que romba o Setembro Amarelo.
O tema necessita de ações contínuas e duradouras, não pode - e como é em muitos casos - usado apenas como bandeira de autopromoção se aproveitando de uma campanha de apelo e conhecida. Prevenção ao suicídio, depressão e transtornos de ansiedade vai muito além do diálogo de um mês.