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Antônio, João e Pedro: santos juninos são celebrados neste mês de junho

Padre Ronaldo Marques explica ao Farol da Bahia o que cada um ensina

Por Emilly Lima
Ás

Antônio, João e Pedro: santos juninos são celebrados neste mês de junho

Foto: Reprodução/Governo Federal

Canjica, milho assado ou cozido, bolo de aipim, quadrilha, amendoim cozido, forró, licor e fogueira. Essas são apenas algumas características do que representa a festa mais esperada pelos baianos: o São João. Mas nem de só festas e comidas típicas o mês se constitui. O período também celebra os dias de Santo Antônio (dia 13), o próprio São João Batista (dia 24), São Pedro e São Paulo (dia 29), que são considerados santos juninos pela Igreja Católica. 

O primeiro a ser celebrado, nesta segunda-feira, dia 13 de junho, é o conhecido como o santo casamenteiro e padroeiro dos pobres, Santo Antônio, que foi um grande pregador, já que dedicou sua vida para adquirir profundo conhecimento da Bíblia e ajudar os pobres, partilhando o pão. A ele, foram atribuídos diversos milagres e sua devoção está relacionada à caridade, benção dos pães e promessas para se casar. 

Ao Farol da Bahia, o Padre Ronaldo Marques Magalhães, pároco da Paróquia Santo Antônio Além do Carmo, explicou a importância do santo para a Igreja Católica. "Santo Antônio foi um jovem que seguiu os ensinamentos de Jesus, viveu na simplicidade, na humildade, é um grande conhecedor da Palavra de Deus, que o fez tornar esse santo conhecido. Sobretudo, tornar esse santo que ajuda os pobres. Ele se tornou no Brasil um santo muito querido e amado, a ponto das pessoas o imitarem, doando pães", disse. 

Em seguida, o santo celebrado é o popular São João Batista, no dia 24 de junho. João Batista era primo de Jesus Cristo e também é venerado como profeta, "santo das colheitas" e como o Batizador, pois foi ele quem batizou Jesus no Rio Jordão, o que instituiu de certa forma o batismo católico na água. 

"São João é um santo muito importante para a Igreja porque foi o precursor de Jesus, foi o único dos profetas que teve a alegria e o prazer de apresentar Jesus ao povo, como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E foi o único profeta que conheceu e conviveu com Jesus, o que é importantíssimo", explicou o Padre Ronaldo. 

Por último, celebrado no dia 29 de junho, há São Pedro, que foi escolhido por Jesus. Muito conhecido por ser o "santo das chuvas", é a ele que as pessoas recorrem quando pedem mudanças climáticas. Ele é invocado para resolver problemas de secas ou das chuvas excessivas, por exemplo.

"São Pedro era um pescador que foi convidado por Jesus para fazer parte do seu grupo e da missão. Depois de muitos puxões de orelha de Jesus, Pedro foi um dos grandes discípulos que continuou a missão de Jesus, levando a Palavra, o conforto e incentivando que as pessoas seguissem Jesus. Esse santo tem uma importância enorme para a Evangelização, para aqueles que querem continuar a missão", pontuou. 

Questionado sobre o Dia de São Paulo também ser celebrado no dia 29, junto com São Pedro, e não ser lembrado durante as festividades, o Padre Ronaldo explicou que o motivo se dá porque São Paulo é celebrado no dia da sua conversão, em 25 de janeiro. "O dia 29 é Dia de São Pedro e São Paulo, que são os dois apóstolos da Igreja. Mas, São Pedro aqui no Brasil foi muito mais popular e São Paulo ficou esquecido. Porém, a festa é dos dois. Na verdade, a grande festa de São Paulo é no dia 25 de janeiro, da Conversão de São Paulo, que foi quando ele se converteu ao cristianismo e é a data chave para as festividades", explicou.

Tradição do 'casamenteiro'

Além das festividades juninas, o mês também é de muita tradição e superstição. Uma delas gira em torno de Santo Antônio ser o santo casamenteiro e ajudar mulheres a realizar o sonho do matrimônio. De acordo com o pároco Ronaldo, o santo sempre andava com algum dinheiro para ajudar moças pobres a pagar o dote, que se caracteriza como uma recompensa financeira dada à família do noivo. 

"Na época de Santo Antônio, as moças tinham que pagar um dote para se casar. Mas as moças pobres não tinham esse dinheiro e ele tinha essa preocupação de sempre reservar um dinheiro para quando houvesse os pedidos para ele ajudar. Por esse motivo ele se tornou o santo que ajuda na realização dos casamentos. Essa é a história, mas a gente sabe que há outras devoções populares e superstições, que a gente respeita todas", disse Pe. Ronaldo ao acrescentar que a Paróquia Santo Antônio Além do Carmo tem recebido alguns pedidos por casamento e que conhece alguns casais que tiveram o pedido aceito pelo santo e conseguiram se casar.

"Também há outra tradição que diz que se a moça trocar a roupa do Menino Jesus que está nos braços de Santo Antônio casa. Uma moça me contou essa história e ela casou, vive bem. Essas coisas estão relacionadas à fé e fé a gente não discute, a gente respeita. Eu não posso duvidar e acredito no que ela me diz", completou. 

De acordo com a devota Thauane Oliveira, Santo Antônio é muito mais que casamenteiro. Para ela, o santo a ensina todos os dias a não ter vergonha de pregar a Palavra de Deus. "Ele nos ensina que não se deve vergonha de pregar os ensinamentos e a palavra de Deus. Me ensinou a olhar para aqueles que precisam de ajuda em sentidos espirituais, ajuda no direcionamento pra entender o que é ser fiel a Deus e acreditar somente no que Ele nos “mostra” sem que a gente veja fisicamente, já que muitas pessoas só acreditam naquilo que vê e não no que sentem", explicou.

"Santo Antônio é um homem importante na minha vida, eu não tenho nem palavras pra dizer o que ele significa, acredite. Recorro sempre a ele, converso sempre com ele, minha conexão com ele é linda e sei que ele nunca irá me desamparar", acrescentou ao declarar sua relação com o santo.

O que os santos juninos ensinam?

O Pe. Ronaldo também elencou uma característica de cada santo sobre o que eles ensinam:

Santo Antônio: "Uma das coisas bonitas era o amor dele à Palavra de Deus. Ele tinha um amor tão grande a ponto de decorar toda a Bíblia. Se as Bíblias do mundo queimassem, podiam consultar Santo Antônio que ele saberia dizer de cor a Sagrada Escritura. Nós católicos, padres, bispos, Papa que ama Santo Antônio deveria ler e colocar em prática a Palavra de Deus".

São João: "Uma característica de São João que me chama a atenção foi o seu profetismo. João era um profeta que enfrentou as injustiças e falava com clareza para aqueles que praticam as injustiças".

São Pedro: "Além de ser pescador, ele é chamado por Jesus. Há uma diferença quando a pessoa decide seguir e quando é convidada. É muito mais bonito ser convidado, a gente se sente honrado. Apesar das contradições de Pedro com Jesus, depois da morte e ressurreição de Jesus foi um dos discípulos que teve um trabalho fantástico de continuar a missão de Jesus". 

"A festa desses santos são festas alegres, com muita comida típica, muita bebida e muita dança. Quando junta o espiritual e o profano, que de profano não tem nada porque profano é quando a gente não respeita o próximo. Essas festas fecha o ciclo da gente de amor, alegria. A gente já vive tantos momentos de tristezas, então é um momento da gente respirar e de ter esperança que é nessa alegria inspirada nesses santos que a gente pode vencer o mundo e derrubar as injustiças", finalizou. 

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