Arquidiocese de SP repudia declaração de padre que disse rezar por 'derradeiro momento' do papa Francisco
Até ser suspenso, o padre atuava na Igreja Nossa Senhora das Dores, na Barra Funda, zona oeste da capital paulista

Foto: Reprodução/Vatican News
A Arquidiocese de São Paulo emitiu uma nota de repúdio às declarações do padre Fábio Fernandes, que pediu orações pelo "derradeiro momento" do papa Francisco e para que o pontífice receba a graça do arrependimento após uma "vida desvairada".
A nota diz repudiar com veemência a "manifestação desrespeitosa, ofensiva e cismática do padre Fábio Fernandes contra o papa Francisco e contra a Igreja Católica Apostólica Romana".
Também destacou que o padre já está afastado do exercício do ministério sacerdotal, por determinação do arcebispo dom Odilo Scherer. Ele foi afastado exatamente por ofender publicamente o papa. Em 2021, ele chamou o pontífice de "herege".
Até ser suspenso, o padre atuava na Igreja Nossa Senhora das Dores, na Barra Funda, zona oeste da capital paulista.
"O referido sacerdote encontra-se afastado de suas funções e suspenso do exercício público do ministério sacerdotal. Contra ele, já tramita um processo canônico por cisma no Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo", diz a nota da arquidiocese.
Em um texto publicado na terça-feira (18) nas redes sociais, o padre chamou o papa de "anti-católico confesso, militante inescrupuloso e revolucionário pertinaz, amigo dos inimigos da Igreja e das nações".
Diz ainda que o papa teria profanado a Basílica de São Pedro por beijar os pés de "inimigos da Igreja" e de ter pervertido a doutrina católica.
A postagem foi feita em um perfil chamado de Apostolado Católico São Pedro de Alcântara. Segundo a arquidiocese, esse apostolado foi criado pelo próprio padre e "não tem legitimidade canônica".
Ainda na nota de repúdio, dom Odilo convidou todos a se unirem à igreja nas preces pela recuperação da saúde de Francisco. "Que Deus lhe conceda vigor e sabedoria para seguir confirmando na fé e na caridade a Igreja e todos os 'peregrinos de esperança', da 'esperança que não desilude'", diz.
O papa Francisco está com pneumonia bilateral (infecção que atinge os dois pulmões). Trata-se de uma infecção grave que pode inflamar e cicatrizar ambos os pulmões, tornando a respiração mais difícil.
Nesta quarta-feira (19), a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, visitou o líder religioso no hospital Gemelli, em Roma, e afirmou que ele está alerta e de bom humor. O pontífice está internado no local desde o dia 14 de fevereiro.
"Fizemos piadas como sempre. Ele não perdeu seu proverbial senso de humor", disse Meloni em comunicado.
O pontífice enfrentou uma série de problemas de saúde nos últimos anos, incluindo episódios regulares de gripe, dor no nervo ciático e uma hérnia abdominal que exigiu cirurgia em 2023. Quando jovem, ele desenvolveu pleurisia e teve parte de um pulmão removido.
Todos os compromissos públicos foram cancelados até domingo (23), e ele não tem mais eventos oficiais no calendário publicado pelo Vaticano.