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Assessor de Trump debocha lobistas dos EUA e pede liberdade de Bolsonaro

Peter Navarro criticou proposta feita à CNI por oferecer assessoria à entidade brasileira e reforçou discurso bolsonarista

Por Da Redação
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Assessor de Trump debocha lobistas dos EUA e pede liberdade de Bolsonaro

Foto: Divulgação/The White House Official

Considerado o “czar” do tarifaço aplicado a dezenas de países pelos Estados Unidos, o conselheiro de comércio e indústria do presidente Donald Trump, Peter Navarro, usou as redes sociais para criticar uma firma de lobby americana que ofereceu serviços à Confederação Nacional da Indústria (CNI). A proposta envolvia representar os interesses brasileiros junto à Casa Branca e ao Congresso contra as tarifas impostas ao Brasil. Navarro também cobrou a liberdade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontado por Trump como o principal motivo da retaliação ao país. As informações são do blog Malu Gaspar, do jornal O GLOBO.

Em postagem feita na última terça-feira (19) em seu blog pessoal, Navarro divulgou a íntegra da proposta enviada no dia 1º pela Brownstein Hyatt ao presidente da CNI, Ricardo Alban. O documento de 13 páginas listava uma série de autoridades às quais os lobistas alegavam ter acesso, entre eles o próprio Navarro e os secretários do Comércio, Howard Lutnick, e do Tesouro, Scott Bessent, por US$ 50 mil mensais (cerca de R$ 272 mil), em contrato mínimo de 12 meses.

O escritório afirmou manter “fortes relações com o presidente Trump e com as autoridades e agências responsáveis por elaborar e implementar suas políticas tarifárias”, prometendo ainda tornar a CNI uma “parceira valiosa” nas relações comerciais entre os dois países. Ao comentar no X (antigo Twitter), Navarro ironizou a proposta.

“Lobistas de Washington D.C. se gabam em um panfleto para brasileiros afirmando que podem fazer lobby na Casa Branca pela redução das tarifas. Aviso para o Brownstein Hyatt: vocês NUNCA serão bem-vindos no meu gabinete da Casa Branca”, escreveu o assessor, acrescentando: “Libertem Jair Bolsonaro!”.

A mensagem reforça a linha adotada por aliados de Trump, que dizem que o Brasil não conseguirá abrir diálogo com o governo americano sem mudanças na situação jurídica de Bolsonaro. Eles apontam como saídas improváveis uma revisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do julgamento do ex-presidente ou a aprovação de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” pelo Congresso.

O discurso feito por ele replica a narrativa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), que articulou sanções contra autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes. Mas ignora que outros países também recorreram a escritórios de lobby para tentar atenuar tarifas de Trump. A Índia, por exemplo, contratou Jason Miller, ex-assessor do republicano e próximo do clã Bolsonaro. No caso brasileiro, entretanto, as motivações foram políticas.

Dois dias após a primeira postagem, Navarro voltou a criticar o Brownstein Hyatt, chamando o establishment americano de “pântano”, termo usado com frequência por Trump.

“Eis a demonstração de como o pântano de Washington não funciona. É a gangue do lobby que não consegue acertar uma. Estou pensando em comprar um carrinho de palhaço para eles”, ironizou.

Um dos aliados mais próximos de Trump, Navarro teve papel central no primeiro mandato do republicano. Em janeiro de 2024, foi preso por desacato ao Congresso após se recusar a entregar documentos à comissão que investigava o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O episódio marcou a invasão de apoiadores de Trump ao Congresso americano para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden.

Navarro também já foi alvo de polêmica ao inventar um suposto especialista, Ron Vara, citado em seis de seus 11 livros. O nome era um anagrama de seu sobrenome. Questionado, ele disse ter criado o personagem “para opinião e puramente entretenimento, não fonte de fatos”.

Procurada pelo blog, a CNI afirmou ter buscado informações “sobre possíveis escritórios de lobby que atuam nos Estados Unidos para atuar em defesa da indústria brasileira contra as tarifas adicionais impostas” pelo governo Trump, mas negou ter fechado contrato com a Brownstein Hyatt. A entidade também não comentou os ataques de Navarro.

O dossiê da firma propunha duas frentes: aproximação da Casa Branca e de órgãos estratégicos para defender “os interesses da CNI e do governo Brasileiro”, além de articulações no Congresso americano. A proposta citava senadores influentes próximos de Trump, como Steve Daines (Montana) e Markwayne Mullin (Oklahoma).

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