Assessor falou que joias eram de Michelle 'por intuição', diz Eduardo Bolsonaro
Assessor foi parado pela alfândega e ao ser questionado o que tinha na mala, não soube responder
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil | Wilson Dias/Agência Brasil
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse na última segunda-feira (24), que o assessor parado na alfândega com joias de R$ 16,5 milhões dadas pela Arábia Saudita ao governo de Jair Bolsonaro (PL) falou que as peças de diamantes eram para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro "por intuição".
O filho do ex-presidente afirmou que os presentes foram enviados pelo governo saudita por meio do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Na volta ao Brasil, Albuquerque estava "com pressa para pegar uma conexão" e mandou seu assessor passar pela Receita Federal. As declarações foram dadas no podcast Cara a Tapa.
O caso
O assessor foi passar as malas pela alfândega e um funcionário da Receita Federal perguntou o que tinha dentro, mas o funcionário do governo Bolsonaro não soube responder. Após abrirem, viram as joias de diamantes e, "intuitivamente", o assessor teria dito que "deve ser para a primeira-dama", referindo-se à Michelle.
Eduardo disse que Bento teria oficiado a Secretaria de Patrimônio Público, mas "o negócio ficou por isso". As joias foram retidas pela Receita.
Conforme o deputado, Bolsonaro só soube das joias um ano depois, em outubro de 2022, quando "um sujeito" falou para ele sobre os diamantes "travados lá em Guarulhos". "Aí o meu pai, espontâneo, o que ele faz, chega pro assessor mais próximo, devia ser o ajudante de ordens, coronel Mauro Cid, e diz: 'vê isso aí, resolve pra mim'", disse o parlamentar.
Eduardo Bolsonaro admitiu que o ex-presidente recebeu "um relógio, abotoadura, sei lá o que", mas que a defesa de seu pai "mandou devolver, porque ele não faz questão". Na realidade, as joias que ficaram de posse de Bolsonaro só foram devolvidas ao patrimônio público após decisão do TCU (Tribunal de Contas da União), que obrigou o ex-presidente devolver os presentes de luxo.
Ainda, o deputado disse que "fica um negócio deselegante" devolver os presentes dados pelo governo saudita, "porque os árabes querem mostrar essa deferência toda, então mais caro é o presente" — a mesma justificativa foi dada pelo ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, que disse ser "deselegante" devolver um relógio de luxo que ele ganhou do governo Qatar em 2019.
Assessor foi parado pela alfândega e ao ser questionado pela Receita Federal o que tinha na mala, não soube responder.