Bahia volta a liderar produção de cacau depois de cinco anos
O impulsionamento atual do mercado está relacionado com questões internas no estado e por razões externas ao Brasil
Foto: Divulgação/CAR
O cacau baiano voltou a ser destaque no país. A pesquisa da Produção Agrícola Municipal (PAM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (12), apontou que, no ano passado, a Bahia retomou a liderança nacional na produção de cacau após cinco anos, com Ilhéus sendo o 4º maior produtor do país.
Em 2023, a Bahia produziu 139.011 toneladas de amêndoas de cacau, cerca de 860 toneladas a mais que o ano anterior, apresentando alta de 0,6% em produção e de R$ 2,4 bilhões em vendas, 16,1% a mais que em 2022 (+R$ 326,6 milhões). Os baianos ultrapassaram o Pará, cuja produção foi de 138.471 toneladas, registrando queda de 5,2% em relação a 2022, e assumiram a liderança nacional.
Os pesquisadores explicam que, apesar de não ter tido a maior safra de cacau do país em 2023, o Pará tinha os três maiores produtores entre os municípios: Medicilândia (44.178 toneladas), Uruará (21.266 t) e Placas (12.788 toneladas). A Bahia aparecia na sequência, com Ilhéus (8.961 toneladas, 4º maior produtor), Wenceslau Guimarães (8.775 t, 5º maior) e Ibirapitanga (8.655 t, 6º maior produtor).
O impulsionamento atual do mercado está relacionado com questões internas no estado e por razões externas ao Brasil. A primeira mudança foi na produção - a busca por espécies exóticas e nativas, combinada com árvores frutíferas, substituiu as técnicas antigas. Além disso, a cacauicultura baiana, atualmente, está presente em todo processo, desde a plantação até a comercialização direta ao consumidor, em forma de barra de chocolate. Isso tornou a produção mais sustentável.
Dados do Panorama do Mercado de Cacau, produzido pelo ItaúBBA, divulgados no começo do ano, mostraram que o ciclo de valorização do produto persiste em 2024, impulsionado pela demanda aquecida no mercado internacional. Os países africanos são responsáveis por 70% de todo o cacau colhido no mundo e o Brasil é o sexto maior produtor mundial, e o primeiro fora da África.
Em 2023, Costa do Marfim, principal produtor global, sofreu com um clima mais seco, seguido por períodos excessivos de chuvas. Isso contribuiu para a proliferação de doenças do cacaueiro, principalmente a do broto inchado, e o El Niño impôs clima mais seco e mais quente para a região. Entre dezembro do ano passado e março deste ano, a região sofreu também com movimentação dos ventos Harmattan, ou seja, ventos secos e frios que varrem a costa ocidental africana, atuando com forte intensidade nessa temporada.