Barroso diz que CPI da Covid foi enviada ao STF para que ministros "falasse a uma só voz"
Ministro também comentou sobre os riscos a democracia e a competência da Corte
Foto: Reprodução/A Gazeta
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira (19), em transmissão ao vivo nas redes sociais, que sua liminar que ordenou o Senado a instaurar a CPI da Covid para investigar a gestão da pandemia pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) foi enviada ao plenário para que a Corte "falasse a uma só voz".
"Eu verdadeiramente acho que nada importante deve ser feito por um só ministro. Acho que ninguém deve ter o poder de vincular o nome do tribunal inteiro a uma posição que, muitas vezes, é uma posição particular de um ministro. São posições respeitáveis, mas acho que tem que ir a plenário. O Supremo tinha que falar a uma só voz, mais ainda nesse momento institucionalmente turbulento que o mundo atravessa e que nós dependemos do Supremo", disse.
Questionado sobre os eventuais riscos para a democracia, o ministro avalia que as instituições "continuam funcionando", mas que a sociedade deve seguir vigilante. "A democracia não é um modo natural das sociedades funcionarem. A democracia é uma conquista civilizatória e, portanto, é preciso velar por ela. Mas eu acho que no Brasil, apesar de discursos infelizes e evocações às vezes infelizes, as instituições têm funcionado bem.", afirmou.
No evento virtual, o ministro também voltou a dizer que o STF tem uma competência criminal muito ampla, que não exerce bem. "O Supremo, nos seus dois grandes papéis, que são proteger a democracia e proteger direitos fundamentais, funciona bem. A área em que eu acho que o Supremo não funciona bem é a área penal, a área criminal. Aí eu tenho muitas divergências. No fundo, eu acho que são competências que o Supremo nem deveria ter. Portanto, o Supremo anda mal no que não deveria ter que atuar", completou Barroso.