Bolsonaro diz que cassação de Carla Zambelli é resultado de ofensiva para atingi-lo
O TRE-SP cassou o diploma da congressista por 5 votos a 2 na última quinta-feira (30) por desinformação no contexto da eleição de 2022
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo | Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou em entrevista a uma rádio goiana nesta sexta-feira (31) a cassação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e disse que a medida resulta de uma ofensiva criada para atingi-lo.
O TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) cassou o diploma da congressista por 5 votos a 2 na última quinta-feira (30) por desinformação no contexto da eleição de 2022. A decisão também a tornou inelegível por oito anos a partir do pleito daquele ano.
Ainda cabe recurso da decisão da corte paulista ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e os efeitos do julgamento só passam a ser válidos após o esgotamento dos recursos.
Os desembargadores reconheceram ter havido uso indevido dos meios de comunicação e prática de abuso de poder político. A ação de investigação judicial eleitoral foi movida pela deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
"O TRE de São Paulo aprendeu com o TSE", afirmou Bolsonaro à Rádio Bandeirantes Goiás. "Abriu-se essa jurisprudência para poder vir para cima de mim, tanto é que os processo [a] que eu respondo é esse: desacreditar o sistema eleitoral."
O ex-presidente disse que essa jurisprudência começou a ser criada quando a corte superior cassou o mandato do deputado estadual eleito pelo Paraná, em 2018, Fernando Francischini, por divulgar notícias falsas contra o sistema eletrônico de votação.
Naquele ano, no dia da eleição, Francischini abriu uma live para dizer que as urnas haviam sido fraudadas e aparentemente não aceitavam votos no então candidato a presidente Jair Bolsonaro.
"Onde começa tudo isso? Como o senhor Alexandre de Moraes queria criar uma jurisprudência, lá atrás, para vir para cima de mim, porque sabia que eu era crítico do sistema eletrônico (...), ele cassou o deputado Francischini", disse Bolsonaro.
Nas redes sociais, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou uma foto com a deputada com a mensagem: "Carlinha, receba meu abraço de solidariedade. Que Deus te proteja e te conceda a verdadeira paz, que excede todo entendimento".
O ex-presidente também criticou o senador Marcos Pontes (PL-SP) na entrevista. Os dois trocaram recados nas últimas semanas em razão da candidatura do astronauta à presidência do Senado. Formalmente, o partido apoia Davi Alcolumbre (União Brasil).
"Nós, agora, resolvemos apoiar quem já ganhou, que é o Davi Alcolumbre. É o meu candidato dos sonhos? Não. O meu candidato dos sonhos é o Rogério Marinho [PL-RN], não é o astronauta Marcos Pontes", disse Bolsonaro.
As eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado estão marcadas para este sábado (1º). Na segunda Casa, Alcolumbre é o franco favorito para suceder Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no cargo. Hugo Motta (Republicanos-PB) é o favorito na Câmara.
O ex-presidente disse que o apoio a Alcolumbre garantirá à legenda a vice-presidência, duas comissões e mais a relatoria do Orçamento. "Se a gente resolver apoiar o Marcos Pontes, a gente fica sem nada."