Brasil perdeu equivalente ao território da Bolívia em áreas naturais desde 1985, diz Mapbiomas
Em 2024, o Brasil tem 65% de seu território coberto por vegetação nativa e 32% por agropecuária, de acordo com o relatório

Foto: Imagem ilustrativa
O Brasil perdeu, em 40 anos (entre 1985 e 2024), 111,7 milhões de hectares de áreas naturais que foram destruídas e transformadas para outros usos. Isso equivale a 13% de todo o território nacional, e é superior à área da Bolívia.
É o que mostra o novo relatório do Mapbiomas, organização focada em estudos sobre uso da terra, com base em imagens de satélite.
Em média, o Brasil perdeu 2,9 milhões de hectares de áreas naturais por ano, mas o estudo revela que a transformação não foi linear.
"Até 1985 ao longo de quase cinco séculos com diferentes ciclos da expansão da fronteira agrícola o Brasil converteu 60% de toda área hoje ocupada pela agropecuária, mineração, cidades, infraestrutura e outras áreas antrópicas Já os 40% restantes dessa conversão ocorreram em apenas quatro décadas, de 1985 a 2024", diz Tasso Azevedo, coordenador-geral do Mapbiomas.
Em 2024, o Brasil tem 65% de seu território coberto por vegetação nativa e 32% por agropecuária, de acordo com o relatório.
CRONOLOGIA DA TRANSFORMAÇÃO
Em 1985, o Brasil tinha 80% de seu território de áreas naturais. O relatório mostra que na década seguinte, até 1994, o crescimento das pastagens impulsionou a perda 36,5 milhões de hectares dessa cobertura.
O ponto de transformação mais acelerada foi entre 1995 e 2004, quando o desmatamento no Brasil atingiu seus maiores índices na história. A conversão de floresta em agropecuária neste período foi de quase 45 milhões de hectares.
Foram mais de 35 milhões de hectares de áreas naturais transformadas em pasto a agricultura cresceu 14,6 milhões de hectares nesta década.
A amazônia sofreu especialmente neste período. O arco do desmatamento impulsionou um crescimento de 21,1 milhões de hectares em áreas antropizadas.
O Brasil, então, chegou em 2005 com 72% de seu território composto por áreas naturais. Na década, o ritmo da destruição das florestas reduziu, chegando à menor taxa de transformação cobertura terrestre na série histórica do Mapbiomas.
Até 2014, foram 17,6 milhões de hectares antropizados e 17,1 milhões de hectares de vegetação nativa perdidos os menores índices desde 1985.
Na década seguinte, porém, o desmatamento voltou a crescer, impulsionado pela mineração.
Segundo o relatório, 58% da área utilizada pela atividade hoje tem origem neste período, com especial expansão sobre a amazônia (6%).
Por outro lado, o crescimento da atividade agrícola freou.
Foi também nesta década que a seca afetou com mais força o Brasil, efeito do agravamento das mudanças climáticas.
A amazônia teve 8 de seus 10 anos de menor superfície de água registradas neste período, e em 2024 o pantanal registrou seu mais fraco ciclo de inundação desde 1985.
No geral, em 40 anos, as florestas foram a formação que mais perdeu espaço no Brasil, 62,8 milhões de hectares (ou 15% de sua área), enquanto as pastagens cresceram 62,7 milhões de hectares e a agricultura, 44 milhões de hectares (respectivamente, um aumento de 68% e 236%).
As áreas úmidas diminuíram de 10% do território brasileiro em 1985 para 8,8% em 2024, o que mostra o agravamento da seca.
Nos últimos 40 anos, o bioma que mais perdeu vegetação natural proporcionalmente ao seu tamanho foram o pampa (3,8 milhões de hectares, ou 30% do espaço ocupado em 1985) e o cerrado (40,5 milhões de hectares, ou 28% do seu espaço). Em seguida vêm amazônia (52,1 milhões de hectares, ou 13%), pantanal (1,7 milhão de hectares, 12%) e mata atlântica (4,4 milhões de hectares, 11%).