Brasil registra aumento de vagas em fábricas de caixões
De acordo com a Arpen-Brasil, foram quase 1,5 milhão de óbitos entre março de 2020 e fevereiro de 2021
Foto: Reprodução/ BBC
Em quanto o Brasil tem recorde em desemprego por causa da pandemia, fábricas de caixões registram aumento de vagas. De acordo com o presidente da Godoy Santos, uma das maiores desse setor, "a demanda mais do que dobrou, e estamos fazendo tudo que a gente pode para aumentar a produção para conseguir atender todo mundo".
A última Sexta-feira Santa foi a primeira vez que a fábrica de caixões de Antônio Marinho funcionou no feriado da Páscoa. "Ficamos assustados com esse aumento, e isso deve continuar até pelo menos abril. É muito preocupante". Segundo Marinho, as jornadas ficaram mais longas, e as férias foram suspensas, dentro do que a lei permite.
A empresa também passou a oferecer para os clientes só 2 dos 45 modelos que tem no catálogo, para tentar acelerar a produção.
Já a equipe da empresa de Dois Córregos, no interior de São Paulo, aumentou pouco mais de 10% com os 15 funcionários que chegaram recentemente.
O Brasil nunca registrou tantas morte quando no período da pandemia. De acordo com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), foram quase 1,5 milhão de óbitos entre março de 2020 e fevereiro de 2021. É o recorde do monitoramento desde que ele começou a ser feito, em 2003.
As mortes no ano da pandemia ficaram 31% acima da média e 13,7% do ano anterior. E foi justamente o último mês do levantamento que teve o maior número de mortes de toda a série histórica.
Em fevereiro de 2021, 120 mil novos atestados de óbito foram emitidos por cartórios em todo o país.
De acordo com os fabricantes de caixões, a situação ficou ainda mais crítica porque está faltando matéria-prima para fazer os caixões e urnas. Segundo eles, desde o fim do ano passado começou a ficar difícil achar madeira, compensado, aço, plástico, tecido.
Segundo a presidente da Associação dos Cemitérios e Crematórios Privados do Brasil (Acembra), Gisela Adissi, com o real desvalorizado, o câmbio ficou mais favorável às exportações, e os produtores nacionais passaram a priorizar as vendas para o exterior.