Brasileiros revelam gene associado ao Alzheimer presente em 26% da população
Mais de um quarto da população têm elevado risco para demência
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Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), publicado recentemente na revista Nature Aging, desvendou o mecanismo por trás de um marcador genético associado ao maior risco para desenvolvimento de Alzheimer. Segundo o levantamento, a presença de um ou dois alelos de um gene conhecido como Apoe (apolipoproteína E) aumenta o risco da doença de três a 15 vezes.
Isso acontece porque esse gene acelera o acúmulo das proteínas beta amiloide e tau no cérebro, ligadas ao declínio cognitivo. O mecanismo pelo qual esse gene leva ao maior depósito de proteínas no cérebro é pela chamada hiperfosforilação (adição de uma molécula de fosfato na proteína).
Em um estado normal, a proteína tau tem a função de reparar a estrutura dos neurônios. Já na forma hiperfosforilada, ela falha na manutenção das estruturas deles, levando à morte celular. Além disso, a presença de uma ou mais formas desse gene pode acelerar o acúmulo de placas da proteína amilóide.
Segundo o estudo, esses são os principais fatores responsáveis por provocar o dano cerebral e o declínio cognitivo associados ao Alzheimer. Esses resultados podem ajudar na detecção de pacientes com sintoma inicial da doença, uma vez que o paciente que carrega o gene pode descobri-lo por um exame de sangue. Ao todo, 25% da população possui uma cópia do gene, e 1% as duas. Com isso, mais de um quarto da população tem elevado risco para demência.
A pesquisa foi parte do chamado período sanduíche do doutorando no departamento de bioquímica da UFRGS e aluno do curso de medicina na universidade, João Pedro Ferrari Souza, nos Estados Unidos. Ele ficou um ano em uma instituição estrangeira, sob a orientação de Eduardo Zimmer, da UFRGS, e Tharick Pascoal, da Universidade de Pittsburgh (EUA).