Campos Neto rebate proposta de Milei e afirma ser 'impossível' eliminar as funções do BC na Argentina
Presidente argentino pretende acabar com a autoridade monetária do país
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou, nesta quarta-feira (22), sobre a proposta do presidente eleito na Argentina, Javier Milei, de acabar com a autoridade monetária do país, e afirmou que o BC tem muitas funções específicas, logo, deve ser "bem perto do impossível" de ser eliminado.
“A gente precisa entender melhor o que significa isso. Uma dolarização tem efeito positivo, mas o BC tem função de estabilidade financeira. Função de conduta, supervisão e regulação, controle de fluxos internacionais. Lembrando que a Europa tem uma moeda única, mas tem bancos centrais. Existe uma função de regulação e supervisão. Não vejo como eliminar todas essas funções, acho bem perto do impossível”, disse em café da manhã organizado pela Frente Parlamentar pelo Livre Mercado.
Campos Neto ainda argumentou que ao contrário do Brasil, na Argentina a autoridade monetária pode financiar o governo, o que é perigoso e gera perda de credibilidade monetária e na parte fiscal.
“É uma lição para o Brasil de que é importante ter um BC autônomo, técnico, robusto, com bons funcionários, e é importante cumprir, ter uma credibilidade num cronograma de metas fiscais para indicar uma trajetória de dívida sustentável”, frisou.