Carlos França admite que reunião de Bolsonaro com embaixadores ocorreu a pedido da Presidência, diz jornal
Segundo o ex-chanceler do ex-presidente, a ideia do encontro não surgiu do Ministério das Relações Exteriores
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ex-ministro das Relações Exteriores, Carlos França, confirmou, em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que a reunião com embaixadores foi realizada a pedido da Presidência da República. No encontro de 18 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez acusações ao sistema eleitoral, sem apontar provas, além de criticar ministros da Corte e do Supremo Tribunal Federal (STF).
O depoimento, que foi obtido pelo jornal O Globo, foi prestado em 19 de dezembro de 2022. Durante a oitiva, França afirmou em diversos momentos que a reunião com os representantes estrangeiros foi iniciativa da Presidência.
Ao ser questionado sobre quem decidiu organizar o encontro com os embaixadores, França, que ocupava o cargo de chanceler na época, negou que a ideia tenha surgido do Ministério das Relações Exteriores.
Em outra parte do depoimento, França argumentou que a intenção de Bolsonaro com a reunião era expressar a posição do Executivo em relação à transparência nos critérios eleitorais.
O PDT apresentou uma ação ao TSE em que pede pela inelegibilidade de Bolsonaro e do então candidato a vice-presidente, Walter Braga Netto. O partido destaca que, durante a reunião, o ex-presidente fez alegações infundadas, distorcidas e já refutadas pelo TSE, afirmando que o sistema eletrônico de votação, utilizado com sucesso no Brasil desde 1996, poderia ser fraudado e não era auditável.
O advogado de Bolsonaro, por outro lado, argumentou que o encontro foi um ato de governo e que o caso deveria resultar apenas em uma multa para o ex-presidente.