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Carnaval de rua está sob ataque em múltiplas frentes, diz historiador

Segundo Luiz Antonio Simas, há tentativas de descaracterização da festa popular pelas pressões do capital e do proselitismo religioso

Por Da Redação
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Carnaval de rua está sob ataque em múltiplas frentes, diz historiador

Foto: Victor Vasconcelos/ Divulgação

O historiador, escritor e professor Luiz Antonio Simas acredita que o carnaval de rua está sob ataque. Segundo ele, há tentativas descaracterização da festa popular pelas pressões do capital e do proselitismo religioso.

“Acho que o carnaval de rua está sob ataque. E sob ataque múltiplo. Por quê? Porque sofre ataque de um certo discurso de ordenação pública que busca a contenção da festa. Está sob o ataque do proselitismo religioso, sobretudo pelo avanço pentecostal, que tem a tendência de demonizar festejos populares marcados pelas culturas de rua, afrobrasileiras.” afirmou em entrevista à Agência Brasil. 

Ainda na entrevista, ele ressalta que existe uma terceira instância de ataque, o mercado. Para Simas, mensurar uma festa popular a partir da dimensão da circulação de capital é perigoso. 

“Mas existe uma terceira instância de ataque que acho muito relevante. O carnaval de rua tem sido violentamente atacado pelo mercado, e isso talvez seja um perigo enorme, porque você começa a mensurar uma festa popular a partir de uma dimensão restrita à lógica da circulação de capital que pode estar acontecendo, “ afirmou.

Ele argumenta ainda que determinadas instâncias do mercado presentes no carnaval, como marcas e megablocos, têm a capacidade de se apropriar das celebrações em uma dimensão “elitista”.   

“Quando o carnaval começa a ser festivamente ordenado, muito marcado pelo impacto que têm algumas marcas, pela cultura dos megablocos, aí você tem um jogo que envolve o capital e é perigoso, porque, aparentemente, um jogo favorável ao carnaval, mas, de certa maneira, é complicado. De que forma, por exemplo, essas instâncias do mercado têm a capacidade de se apropriar das grandes celebrações da coletividade em uma dimensão perigosa, elitista, que acho conservadora,” completou

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