"Chegou a hora de colocar a ordem nisso e proteger a família brasileira", afirma Haddad sobre sites de aposta
Ministro da Fazenda ainda relatou que as best foram legalizadas durante a passagem de Michel Temer, em 2018
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou que houve desprezo como a regulamentação das apostas esportivas conhecidas com "bets". No decorrer do pronunciamento nesta sexta-feira (27), para a imprensa, a assessoria do Ministério da Fazenda, declarou que chegou a hora de levar adiante esse assunto para "colocar a ordem no caos" que se instalou no país.
"Fique certo de que o governo está atento e que, apesar desse enorme atraso, desse descaso, chegou a hora de colocar a ordem nisso e proteger a família brasileira", disse Haddad.
Haddad ainda relatou que as best foram legalizadas durante a passagem de Michel Temer, em 2018, e a lei tinha dois anos para serem reguladas na época, além de ser prorrogáveis por, mas dois anos, o que não acontece na gestão Jair Bolsonaro.
"Pois bem, o tempo agora chegou. O governo está munido de todos os instrumentos necessários para regulamentar esse assunto, que é muito delicado para a família brasileira", afirmou Fernando Haddad.
Segundo as falas do ministro, o Chefe do Executivo Luiz Inácio Lula da Silva pediu providências aos ministérios envolvidos, a Fazenda, a Saúde, o Desenvolvimento Social e os Esportes, para parar a lavagem de dinheiro. Além de tratar sobre a dependência, quando o caso estiver, como o monitoramento de CPFs, pessoa por pessoa, para saber o valor das apostas e os prêmios recebidos.
Haddad ainda comentou sobre o banimento dessas empresas no Brasil. "O meio de pagamentos que vai poder ser utilizado, coibindo o endividamento através do jogo. E banir as empresas não credenciadas do espaço brasileiro de atuação. Centenas de casas de aposta do mundo inteiro não terão mais acesso à nuvem brasileira", disse.
O impacto das Bets e o monitoramento do BC
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alegou que a instituição está monitorando o impacto das apostas esportivas, chamadas de "bets", no nível de endividamento da população brasileira, nesta quinta-feira (27).
"O grosso hoje é [via] PIX, não é cartão de crédito, que deve ser 10% a 15%. Quando impede usar cartão de crédito, pode fazer via carteiras digitais. É algo que estamos olhando também", relatou o presidente do Banco Central, na ocasião.
De acordo com ele, o BC continua avaliando qual é o impacto das bets no mercado de crédito e, consequentemente, no nível de endividamento da população.
"Se houver inadimplência na ponta, temos que ver o que vai representar para o BC [na definição da taxa de juros]", declarou.
Levantamento
Um estudo feito pela BC e publicado nesta semana aponta que os brasileiros gastam cerca de R$ 20 bilhões por mês em apostas online nos primeiros oito meses de 2024. Conforme os dados, são 24 milhões de pessoas físicas que exercem os jogos de azar e apostas online, usando o PIX durante o processo analisado.
A maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos, mas a prática se espalha por diferentes faixas etárias.
O valor médio das transferências mensais aumenta com a idade: os mais jovens gastam cerca de R$ 100 por mês, enquanto indivíduos mais velhos ultrapassam os R$ 3 mil mensais em apostas.