Cisne Vermelho IV

Confira o artigo de Matheus Oliva

Por Da Redação
Ás

Atualizado
Cisne Vermelho IV

Foto: Divulgação

“Fausto: – Regulamentos até no inferno! Oba! Então, meu Senhor, também com você, posso fazer um pacto??”
Mefistófoles: – Mau é nos prometermos que nos ajudaremos sempre. (...)  Explicar isso seria demorado, fica para próxima. Agora peço ansiosamente, deixe-me ir embora!” 
(Fausto, Cena II – Johann Wolfgang Goethe, 1749 – 1832; Tradução livre: Matheus Oliva)

Trump venceu de forma avassaladora ao prometer restaurar o orgulho americano e reorganizar o orçamento federal, corroído em um cipoal burocrático por anos de governo social-democrata. Diferente dos políticos carreiristas, ele compreende que o poder executivo deve executar, e execução exige ação. Em menos de um mês de governo, com a popularidade em alta, Trump cumpre promessas com rapidez e contundência. Com ares vingativos, expõe a incompetência dos opositores políticos em lidar com os recursos arrecadados da população americana.

Munique, a bela e rica cidade alemã, sediou a Conferência de Segurança de Munique (MSC), o principal fórum global para debates sobre política de segurança internacional. A MSC é realizada há 60 anos, um espaço para debates diplomáticos e proposição de soluções aos desafios geopolíticos mais urgentes. Neste fim de semana, entre discursos e articulações diplomáticas, o evento simbolizou um mundo em transformação, onde velhas alianças são revistas e novas estratégias emergem para lidar com um cenário multipolar. Com um discurso claro, sem rodeios, o jovem vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, deu seu recado à Europa, que, por falta de melhor tradução, resumiu-se ao seguinte: "Ema, ema, ema, cada um com seu problema." Os EUA, sob Trump, reafirmam seu foco na reorganização interna, deixando a Europa de cara com a Rússia, cuja história é de violência expansionista. 

Trump e sua tropa prometem batalhar contra a corrupção no orçamento público. A extrema esquerda e a mídia progressista tentam espalhar pânico moral, afirmando que a ajuda humanitária foi cortada, quando, na realidade, Trump exige auditoria e busca nexo em repasses de recursos federais a Agências do Estado. Elon Musk é um gênio da humanidade. O homem que aposentou o bordão da inconsequência juvenil de que “foguete não dá ré”, lidera um conjunto de empresas de extrema complexidade de maneira inimaginável para um cidadão comum. Gênio da física, dos átomos, e dos elétrons, esquisito, não inspira confiança. Não demonstra empatia, assemelha-se mais a um robô produzido em sua fábrica e menos aos seres humanos que o produzem. Ele expõe a gastança estatal e afirma que bilhões de dólares foram desviados para projetos ideológicos sem impacto real. Erra em muitas afirmações, mas acerta no essencial: o desperdício federal é insustentável.

Leer – Bucólica cidade ao norte central da Alemanha. Crédito: Matheus Oliva

Com uma dose de satisfação pessoal expressa em sorrisos sarcásticos, postura confortável em conversas polêmicas e uma dose de humor sádico, Musk ainda arranja tempo para declarar guerra ideológica mundial contra a social-democracia. As próximas eleições na Alemanha são diretamente influenciadas por ele.

Um problema na Europa, sempre será um problema da Alemanha e um prob;ema na Alemanha sempre foi um problema europeu. Angela Merkel, chanceler pela coalização de centro direita da Alemanha, de 2005 a 2021, deixou um legado tão histórico quanto ambíguo. Líder pragmática de destacada estabilidade e forte presença internacional, consolidou a Alemanha como a potência econômica e política da União Europeia. Mas sua falta de uma visão estratégica transformou sua matriz energética num calcanhar de Aquiles perante o atual cenário belicoso global. Ela seguiu cega a cartilha da social-democracia que já se desenhava pela trajetória suspeita e vergonhosa de Gerhard Schröder, antecessor de Merkel. Após governar de 1998 a 2005, tornou-se símbolo da corrupção política travestida de pragmatismo. Líder da coalização entre os partidos Social Democrata e Verde, Schröder se aliou a Vladimir Putin.

Descaradamente, logo após deixar o governo, assumiu cargos em gigantes estatais russas como a Nord Stream AG e Rosneft, aprofundando a dependência energética da Alemanha em relação à Rússia—a mesma dependência que facilitou o avanço sanguinário geopolítico de Putin. Mesmo após a invasão da Ucrânia, Schröder continuou defendendo o Kremlin sob a justificativa de “diálogo”, enquanto sua própria legenda tentava se livrar do constrangimento, lançando investigações internas e retirando privilégios do ex-chanceler. Merkel estabilizou a Alemanha, mas falhou em preparar o país para um mundo mais hostil. Seu antecessor, Schröder, vendeu a alma à Rússia. Agora, a eleição alemã oscila entre um extremismo ufanista que clama por fronteiras fechadas, um centro hesitante e uma esquerda que ignora suas próprias, e gravíssimas, falhas.

A geopolítica mudou. Os avanços tecnológicos colocam a cibersegurança na ordem do dia. Todos os meios de uma sociedade desenvolvida são digitalizados, sistemas de governo, de saúde, de transporte, de segurança, finanças e educação, nada mais funciona sem tecnologia digital. Com isso, a proteção de uma nação perante inimigos passa pelo domínio de ponta das tecnologias. A Europa está atrasada, perdeu o trem da modernidade. Espremida entre o avanço Chinês que abala sua indústria, o desprezo americano, a voracidade russa, a instabilidade no Oriente Médio e as migrações africanas, a Europa encontra-se em crise, pressionada por tudo e por todos.

Elon Musk não vê fronteiras entre a Terra e Marte, seus satélites circundam a atmosfera entregando internet rápida em qualquer lugar do planeta. Seu poder é supranacional, sua capacidade parece sobrenatural. É na Alemanha que ele agora concentra suas fichas para dar impulso à extrema direita. Difícil alguém pará-lo. Se, unido a ele, Trump trará a grandiosidade de volta aos EUA, somente o tempo dirá. Por enquanto, o Cisne Vermelho, liderando uma tropa com firmeza e com apoio popular, coloca um aviso na porta de entrada dos EUA: “fechado para balanço”. A Europa que se resolva. 
 

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