Comunidade de Simões Filho protesta na Alba contra aterro
Diversas lideranças do município de Simões Filho compareceram para discutir o aterro CTVR Naturalle, localizado no Vale de Itamboetá
Foto: Tânia Araújo
A Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos, convocada para esta quarta-feira (12), pode não ter contado com quórum parlamentar, mas, mesmo assim, o deputado José Arimatéia (PRB) chamou o seu suplente, o deputado Eduardo Alencar (PSD), e assim, fez a reunião acontecer. Diversas lideranças do município de Simões Filho compareceram para discutir o aterro CTVR Naturalle, localizado no Vale de Itamboetá.
A comunidade vê o aterro, desde que foi licitado, como algo prejudicial ao meio ambiente, já que pela área passam diversos lençóis freáticos e mata atlântica. "A comissão visitou o aterro e não vimos nada além do que foi o prometido pela empresa, um aterro de matérias inertes, e nada que prejudicasse ou trouxesse algum dano à comunidade local, a fauna e a flora do Vale", explicou o deputado Arimatéia.
"Essa audiência hoje foi muito importante para que dúvidas fossem sanadas. Foram apresentadas situações que não imaginávamos. Foi muito importante para nós e para a população", disse o deputado Eduardo Alencar. "Foi um processo que começou em minha administração, lá em março de 2016, e que em dezembro de 2017 o secretário do meio ambiente da época liberou o alvará para a obra, deixando em anexo 21 itens que deveriam ser cumpridos pela empresa para que o alvará fosse válido. E só depois que o prefeito da época liberou o alvará de construção, que o alvará do meio ambiente pôde ser liberado. Não tive acesso ao processo, então não sei se a empresa atendeu todas as condicionantes", completou.
"Agora aguardemos a audiência pública, hoje foi somente uma reunião, pois as pessoas que vieram até aqui precisavam ser ouvidas, mas, após o recesso, em agosto, teremos a audiência pública, junto com os homens da lei, que é o Ministério Público, e nós, legisladores, para saber se a empresa cumpriu com todos os requisitos" reiterou o deputado Arimatéia.
A empresa está funcionando normalmente atualmente, mesmo depois de dezenas de manifestações feitas por grupos como "Movimento Nossas Águas, Nossa Terra, Nossa Gente” e das comunidades quilombolas e indígenas da região, que acontecem desde a licitação do local, onde o movimento diz que o aterro compromete diretamente cerca de 60 hectares de Mata Atlântica, parte de um raro Corredor Ecológico da região metropolitana, fundamental para a saúde do ecossistema local e que contribui para a qualidade e quantidade da água que abastece a região.
Segundo o deputado Arimatéia, todas as vozes serão ouvidas e todas as dúvidas esclarecidas sobre o aterro, "mas somente na audiência, como deve ser feito o rito", finalizou.