Congresso dos EUA apresenta projeto que pode barrar importação de carne, couro e outros itens do Brasil
Projeto será discutido no Congresso e pode representar primeira punição prática ao comportamento ambiental do Brasil

Foto: Photosforyou/Pixabay
Os Estados Unidos (EUA) estudam criar uma lei que pode barrar a compra de itens como soja, cacau, gado, borracha, óleo de palma, madeira e seus derivados de países índices altos de desmatamento florestal se o produtor rural e o importador americano não comprovarem que as origens dos produtos - e toda sua cadeia produtiva - não derivam de desmatamento ilegal.
O projeto legislativo, denominado Forest Act 2021, ou Lei Florestal 2021, foi apresentado na última quarta-feira (6), e é considerado o mais abrangente marco legal no tema proposto nos EUA nos últimos anos. Na justificativa do projeto, o senador Brian Schatz e o congressista Earl Blumenauer, ambos democratas e autores da peça, citam diretamente o Brasil - e seus produtos de origem bovina - como exemplo do problema.
"Em 2020, os EUA importaram carnes e couros bovinos processados avaliados em mais de US$ 500 milhões do Brasil. Ali, a pecuária é o maior impulsionador do desmatamento na Floresta Amazônica e outros biomas, e 95% de todo o desmatamento feriam a lei", escrevem os autores no projeto de lei apresentado à Câmara e ao Senado. Além do Brasil, apenas a Indonésia é citada no texto.
Caso a lei passe, o que esperam que ocorra até novembro de 2022, o Brasil será bastante afetado. Neste ano, o país se consolidará como o quarto maior exportador de carne bovina congelada aos EUA e atualmente já é o maior fornecedor de material bruto para fabricação de assentos de couro de automóveis. Esses mercados seriam os maiores impactados negativamente pela medida.
Em contrapartida, Blumenauer afirmou em entrevista à BBC, que " a aprovação da lei vai ser uma oportunidade para o Brasil (mudar), já que até agora o país está tratando com deboche seus compromissos ambientais. O atual governo tem agido de forma descuidada em relação ao desmatamento, não tem sido particularmente sensível aos direitos dos povos indígenas. Isso fere os interesses do Brasil", disse o congressista.