Contágio por duas variantes do coronavírus pode criar um terceiro
Resultado é do chamado 'recombinação', que ocorre frequentemente entre os vírus
Foto: Reprodução/ Pixabay
Um estudo brasileiro divulgado na última semana identificou, pela primeira vez, duas pessoas infectadas ao mesmo tempo por linhagens diferentes do novo coronavírus. Contudo, casos como esses podem gerar uma terceira variante do vírus, é o fenômeno chamado "recombinação", que gera mutações significativas no genoma viral.
"Para que ocorra a recombinação é necessário que o indivíduo esteja infectado com duas variantes [do vírus] e, de alguma forma, tem que haver a troca de material genético entre elas", explica a virologista Erna Kroon, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ao R7.
Mas Erna destaca que não necessariamente esse processo gera um vírus mais infeccioso ou capaz de provocar doença. "É imprevisível. [A recombinação] pode ser tanto benéfica quanto prejudicial [para o vírus]. Pode fazer com que ele se adapte a outras espécies. Existem milhares de chances. A ciência está correndo atrás para entender tudo isso", afirma.
Ela esclarece que a chamada recombinação não é algo novo e ocorre com certa frequência entre os vírus no geral. O que vai mudar são as características de seu material genético. "A recombinação não é tão frequente entre os coronavírus já conhecidos em comparação com o influenza, que faz isso de maneira muito eficiente", destaca ao completar: "Para a troca de material genético ocorrer você tem que quebrar o RNA [de uma linhagem] e inserir o RNA da outra. O coronavírus tem 3 vezes o tamanho do vírus da gripe e é menos segmentado".
A virologista Erna Kroon também enfatiza sobre a atenção e os cuidados que as pessoas devem ter para que a disseminação seja interrompida, pois quanto mais variantes do coronavírus, mais serão resistentes a vacina. "O que as pessoas precisam saber é que quanto mais esse vírus vai sendo disseminado pela população, mais ele vai se multiplicar e mais variações dele nós vamos ter. Com isso, aumenta a chance de surgir uma variante resistente a vacinas. Então, é necessário interromper o ciclo de transmissão o mais rápido possível".