Crise hídrica: ameaça ao transporte hidroviário
Confira o editorial desta segunda-feira (20)
Foto: Arquivo/Agência Brasil
A pior crise hídrica dos últimos 91, além do óbvio impacto no setor energético e abastecimento de água à população, pode resultar em outro problema, que igualmente será sentido no bolso: no transporte de cargas.
Diversos produtos, especialmente os agrícolas, são transportados pelos rios que cruzam os estados brasileiros. Com a falta de chuva, além da escassez de água para o plantio, falta água para navegar e o transporte de muitos commodities fica mais caro.
O valor do frete rodoviário já aumentou em função da concentração de colheita da última safra e pode subir ainda mais com o aumento da demanda.
A soja, por exemplo, já é uma matéria-prima de transporte caro no Brasil. Considerando a média dos custos de transportes de pontos diferentes dos dois países para uma distância de cerca de 1,5 mil quilômetros de percurso, o custo dos produtores brasileiros é estimado em US$ 48 a tonelada. Nos EUA, esse custo é de US$ 20 a tonelada.
Os números são ainda mais exorbitante quando o transporte é hidroviário, apesar de ser cerca de 60% mais barato do que o rodoviário: se um caminhão, estima-se, consegue carregar 50 toneladas de soja, uma grande embarcação, geralmente usada para estes serviços, podem leva 6 mil toneladas.
Barcaças pesadas, carregadas, por consequência, teriam dificuldades para navegar em rios, lagos e canais esvaziados. E a soja é apenas um produto, entre milhares do dia a dia, que também passa por cosméticos, cereais e até petróleo e derivados.