Datafolha: pesquisa aponta que 7 em cada 10 brasileiros rejeitam ideia de que armas trazem mais segurança
De acordo com pesquisa, 69% dos brasileiros discordam da frase 'povo armado jamais será escravizado', repetida por Bolsonaro
Foto: Arquivo/Agência Brasil
De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Datafolha, 7 em cada dez brasileiro, em média, se contrapõem a políticas que favoreçam o armamento da população. Segundo a pesquisa, a maioria dos brasileiros rejeitam as ideias do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre armas no país, ao entendimento de que mais pessoas armadas tornam a sociedade mais segura e também a uma frase do presidente: "O povo armado jamais ser escravizado".
A pesquisa ouviu 2.556 pessoas de 181 municípios do país nos dias 25 e 26 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Segundo o levantamento, 72% discordam da frase "a sociedade seria mais segura se as pessoas andassem armadas para se proteger da violência". O percentual de discordância é maior entre mulheres (78%), entre pessoas que se autodeclaram pretas (78%) e entre que tem menor faixa de renda, de até dois salários mínimos (75%).
Além disso, entre os que concordam com essa relação entre porte de armas de fogo e maior proteção contra a violência estão brasileiros do sexo masculino (32%), da região Norte (33%) e com renda familiar de mais de dez salários mínimos (37%).
Também 7 a cada 10 entrevistados (71%) dizem discordar da ideia de que "é preciso facilitar o acesso de pessoas às armas". Essa proporção é maior entre mulheres (77%) e pessoas que se autodeclaram pretas (78%), mais uma vez, e entre jovens de 16 a 24 anos (75%).
Em relação aos que concordam com o uso de armas, os grupos que aparecem no topo são, novamente, homens (35%), pessoas da região Norte (34%) e aqueles com renda superior a dez salários mínimos (37%).
Já a rejeição à frase proferida pelo atual presidente da República desde 2020 --"o povo armado jamais será escravizado"-- é da ordem de 69% dos brasileiros entrevistados na pesquisa. Ela é maior entre mulheres (73%), no Sudeste (73%) e entre pessoas autodeclaradas pretas (73%).
Por outro lado, estão de acordo com a declaração 28% dos brasileiros, percentual que é maior na região Norte (40%), entre pessoas com renda superior a dez salários mínimos (41%) e entre empresários (52%).
O Brasil vive um aumento do acesso às armas de fogo desde que o presidente editou decretos que flexibilizaram a posse e o controle de armas, a partir de janeiro de 2019. Os efeitos foram imediatos. Em 2019 e 2020, foram registradas pela Polícia Federal, em média, 387 armas por dia no país.
De acordo com estudos a presença de armas em casa está estatisticamente mais vinculada ao aumento de riscos do que a possíveis benefícios, podendo elevar as chances de suicídios, de acidentes fatais com crianças e de uma mulher ser morta por um parceiro violento.