Editorial

Desafio da mobilidade urbana

A mobilidade urbana é o mais sensível dos desafios das administrações públicas

Por Editorial
Ás

Desafio da mobilidade urbana

Foto: Divulgação

O crescimento desordenado é um problema de Salvador e de toda cidade de médio e grande porte do Brasil. Um problema histórico. Séculos atrás, por certo faltou otimismo e senso de futurismo àqueles que arquitetaram tantas ruas estreitas e, mais pra frente, quando as avenidas entram em cena, já era tarde demais em muitos lugares das cidades abarrotadas de casas, pessoas e prédios que começavam a complementar o cenário urbano. Hoje, a preocupação do planejamento em mobilidade urbana, além de questões contemporâneas, precisa também buscar soluções de tempo não tanto modernos. 

Mas a capital baiana demonstrou que, com planejamento – e dinheiro –, o fluxo começa a andar. As linhas de metrôs inauguradas em 2016 repaginaram Salvador. Uma verdadeira revolução, que integrou ônibus e outras obras viárias. É claro que existe muito ainda a ser feito em termos de transporte inclusivo, além de pensar como tornar todo esse sistema mais ágil. 

Prova disso são os congestionamentos, um transtorno imensurável das capitais, e isso inclusive nas vias expressas das cidades, não apenas nas ruas afuniladas dos centros velhos. Por isso que, neste contexto, as faixas exclusivas de ônibus são fundamentais à mobilidade urbana. É uma tentativa de conduzir uma quantidade considerável da população de um lado pro outro, e de uma vez só. Um automóvel, por exemplo, que seja particular, táxi ou de aplicativos, conseguem locomover no máximo cinco pessoas. 

Inclusive, essa dinâmica é tão pertinente que é lei federal! A Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) coloca como prioridade o transporte coletivo sobre o individual e os sistemas não-motorizados sobre os motorizados, que além do caráter social e do uso racional do espaço, busca reduzir impactos ambientais. Moderno, não? 

A mobilidade urbana é o mais sensível dos desafios das administrações públicas, que requer o mais profundo respeito aos cidadãos que diariamente são responsáveis pelo funcionamento das cidades. O deslocamento da casa para o trabalho, a necessária condução pela malha urbana para ir e vir aos hospitais, locais de lazer ou supermercados, por exemplo, é uma dinâmica física que, num plano maior, dialoga com a economia local e o poder de governabilidade de quem está por trás da máquina pública, e que hoje exige a responsabilidade social e sustentável dos motoristas. O emaranhado de conceitos e problemas precisa ser desfeito. 

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