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'Detenho apenas um voto entre nove conselheiros do Copom', diz Campos Neto sobre críticas de Lula

Segundo o presidente do BC, após o fim do mandato, pretende retornada ao mundo privado

Por Da Redação
Ás

'Detenho apenas um voto entre nove conselheiros do Copom', diz Campos Neto sobre críticas de Lula

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que mantém noite e dia os olhos sobre as curvas da inflação, que ele tem por missão controlar. Recentemente, ele sofreu pressão do presidente Lula, mas não cedeu baixar a taxa, que só caiu quando o BC avaliou que era hora. As informações são de uma entrevista de Campos à Veja.

Nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto informou que pretende voltar à privada quando encerrar o seu mandado, em 2024. "Depois do BC, planejo voltar ao mundo privado. Não tenho ambição política.", disse. 

Ao ser questionado sobre o que motivou a decisão em favor da queda de meio ponto percentual na taxa de juros, o presidente do BC afirmou que ficou surpreso com a surpresa do mercado. 

"Na reunião anterior do Copom, já havia uma divisão em torno do que sinalizaria em relação ao próximo encontro. Discuta-se se deixaríamos a porta aberta, descendo uma queda futura, ou fechada, sem apontar nada nessa direção. Eu fui no primeiro grupo, porque a inflação à época já revelou melhora. A divergência observada entre os conselheiros. Os que queriam a porta aberta lá atrás, como eu, foram os mesmos que defenderam agora o corte de meio ponto na Selic", explicou. 

Mas, apesar do corte recente, ainda não há uma expectativa de cortes no futuro. "Foi consenso absoluto que o ritmo para quedas e elevações deve ser sempre de meio ponto. A luta contra a inflação não está ganhando. Uma parte dela se situa ainda bastante acima da meta. O setor de serviços apresenta melhorias, mas não no patamar que gostaríamos. Esse cenário exige um ambiente de juros restritivos. O tamanho do abertura, na verdade, vai depender do investidor da economia", acrescentou. 

Ao comentar sobre as críticas do presidente Lula, Campos Neto pontuou que detém apenas um voto entre nove conselheiros do Copom. "Faz parte do processo de autonomia do Banco Central, que está sendo testado agora. Afinal, é a primeira vez que a gente tem uma conjunção de independência do banco com mandatos não coincidentes entre o chefe do Executivo e a autoridade monetária. O presidente ganhou de forma democrática e é seu direito de tecer críticas. Mas não custa lembrar que detenho apenas um voto entre nove conselheiros do Copom", disse. 

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