Dia do Nordestino: se avie e vá se 'aprochegando' para conhecer as gírias dessa região do Brasil
Com nove estados, o Nordeste reúne uma imensidão de expressões regionalistas
Foto: MesquitaFMS/Getty Images
'Oxe, sabia não?' Hoje, sexta-feira (8), é celebrado o Dia do Nordestino 'rapaz'! A região Nordeste possui nove estados e em cada um é possível encontrar uma forma própria de falar a língua portuguesa brasileira devido a infinidade de gírias e expressões regionais. Muito além do 'oxente', do 'eita' e do 'cabra', cada unidade federativa possui especificidades próprias culturais e que enriquecem ainda mais a região, tornando-a mais bela.
O pesquisador da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Cleber Ataíde, diz que "no Nordeste, há várias maneiras de se falar o português. Alagoanos e pernambucanos, por exemplo, tem um jeito próprio de colocar os artigos 'o' e 'a'", pontuou Ataíde.
Um exemplo do dessa variedade é o filme, fruto da obra do Pernambucano Ariano Suassuna, "O Auto da Compadecida" em que os principais personagens, João Grilo (Matheus Natchergaele) e Chicó (Selton Melo), juntamente com os outros personagens, recheiam a obra com uma série de expressões regionalistas. 'E é é?' "Num sei, só sei que foi assim".
Outro exemplo é a 'arenga' - expressão potiguar que se refere a briga, confusão - entre o pernambucano Gil e a funkeira carioca Pocah durante a edição deste ano do reality show Big Brother Brasil. No meio da confusão, o pernambucano 'soltou' a palavra 'basculho', ao passo que Pocah ficou desconcertada e não entendeu ao que Gil estava se referindo. A expressão é usada pra se referir a tudo aquilo que é mais desprezível que o lixo.
E a 'mulinga' que Juliette, Paraibana, toda hora falava quando se assustava ou se espantava no programa? E não podemos esquecer do 'barril grandão' da baiana Lumena, também participante da edição do BBB.
Cleber Ataíde também destaca que as palavras podem assumir significados diferentes em cada estado. Um exemplo disso é a palavra 'pirangueiro'. "No Ceará, designa uma pessoa que se veste mal: 'ele é o maior pirangueiro, só vive com aquele boné'. Em Pernambuco, significa muquirana, mão fechada, avarento: 'cabra pirangueiro! Não me deu um centavo!'. Na Paraíba, a expressão é utilizada para se referir à pessoa desprezível que se aproveita dos outros", explicou o pesquisador.
Confira as expressões mais usadas em cada estado do Nordeste:
Bahia: Barril dobrado (algo difícil, tenso ou que provavelmente vai dar errado); bater um baba (jogar uma pelada de futebol); boca de me dê (alguém que constantemente pede coisas); boca de zero nove (alguém eficiente, mas também pode significar algo ruim); Ó paí ó (expressão que quer dizer "olhe pra isso"); parta a mil (ir depressa); queixar (convidar pra um encontro amoroso).
Alagoas: Avalie (imagine, veja só); azogado (pessoa inquieta ou ansiosa); biboca (lugar distante ou esquisito); catenga (largatixa); chimbra (bola de gude); lomba (algo engraçado); peidado (revoltado, indignado ou satisfeito).
Ceará: Bregueço (algo velho ou ultrapassado); canelau (alguém pobre ou ignorante); ceroto (sujeira); chei dos pau (alguém que está bêbado); gastura (azia ou mal estar, tanto físico quanto psicológico); magote (aglomeração de pessoas).
Maranhão: Brocado (com muita fome); (égua) expressão dita em situação de surpresa ou espanto; o raio (esperto, rápido, ágil); pior (verdade); piqueno/piquena (menino ou menina); triscar (cutucar); vai pra caixa prego ("sai daqui" ou "vai para longe").
Paraíba: Abilobado (alguém sem juízo); arribar (sair, ir embora); avoar (jogar fora, arremessar); Chapéu de touro (alguém que mantém relacionamento com uma pessoa infiel); encarcar (fazer pressão); miolo de pote: (coisa sem importância).
Piauí: Botar catinga (atrapalhar); budejar (falar muito); desdrobo (enganar alguém, levar na conversa); espancar a lôra (tomar cerveja); caxaprego (lugar distante); Iisturdia (corruptela de "estes dias"); moiado (feio); rebolar no mato (jogar fora).
Pernambuco: Abestalhado (abobado, ignorante); arretado (alguém bravo ou algo bom); buliçoso (alguém que mexe nas coisas sem permissão); fuleiro (de baixa qualidade ou não confiável); gabiru (rato grande); mangar (rir de alguém); pantim (criar caso, dificuldade); tabacudo (bobo).
Rio Grande do Norte: Bagana (ponta de cigarro ou charuto); balaio de gato (desordem, confusão ou encrenca); bexiga taboca (utilizada por alguém que está com muita raiva); eita píula (usada para demonstrar surpresa); galado (designa uma pessoa engraçada); gangueiro (alguém que participa de uma gangue ou que usa calças largas);
Sergipe: A migué (à toa, ao acaso); a morte é cega (refere-se a alguém muito feio); fumbambento (sem cor, fraco, desbotado); pentcha (expressão de admiração); pungar (entrar num veículo em movimento); quem gaba o sapo é jia (refere-se a alguém que elogia pessoas próximas a si).