Diesel pode chegar chegar a R$ 10 por litro no 2º semestre, alerta FUP
Análises da área econômica da entidade indicam iminência de nova escalada de preços dos combustíveis
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) emitiu um alerta para o risco de o litro do óleo diesel atingir R$ 10 no segundo semestre do ano, acima dos atuais R$ 7, em média, com impactos ainda mais severos sobre a inflação e às vésperas da colheita da safra agrícola, quando aumenta a demanda pelo derivado.
De acordo com análises realizadas pela área econômica da FUP, estão dadas as condições para nova escalada de preços dos combustíveis: com estoques globais em níveis historicamente baixos, resultando na valorização das cotações de referência e dos prêmios de exportação, a gasolina e o diesel estão cerca de US$ 60 por barril acima do preço do petróleo.
As projeções afirmam que o barril de petróleo poderá chegar à faixa de US$ 120 nos próximos dias, e não está descartada a possibilidade de atingir o pico de US$ 130/ US$ 140 no final de junho ou início de julho e de o crack spread (diferença entre o preço do barril de petróleo e o preço do barril do derivado) se valorizar ainda mais.
Soma-se a isso o custo do frete, em torno de US$ 9,20 por barril de diesel importado do Golfo Arábico ou da Índia (únicos pontos disponíveis atualmente), para o Brasil, o que elevará o preço do derivado para US$ 196, até US$ 200. Se houver escassez de diesel no mundo, como já se anuncia, o crack spread poderá ser ainda maior.
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, afirma que são necessários entre 45 dias e 60 dias para o produto chegar ao Brasil. Tempo demais. Segundo informações obtidas por ele, os estoques da Petrobrás equivalem a 14 dias de produção.
Distribuidoras no Brasil já se ressentem de dificuldades de importações de derivados, diante do quadro de restrições de oferta internacional. De acordo com relatos, em fevereiro (ainda antes da invasão da Ucrânia), quando pedia uma cotação de carga, o distribuidor recebia cerca de 20 propostas comerciais; agora, dificilmente se consegue mais do que uma cotação por dia.
Bacelar ainda prevê risco de desabastecimento de diesel no Brasil, probabilidade de adoção de racionamento entre julho e agosto, e importações do produto de origens mais distantes e com qualidades distintas.
O dirigente da FUP entende que, mesmo sendo o Brasil muito exposto a importações de diesel, equivalentes a cerca de 25% do consumo doméstico, o governo Bolsonaro preferiu “empurrar com a barriga” o problema do abastecimento interno do produto.