Dólar encerra a R$ 5,77, na 12ª diminuição e o valor mais baixo desde novembro
Moeda americana retrocedeu com Trump menos concludente

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O dólar à vista encerrou em diminuição de 0,81%, a R$ 5, nesta terça-feira (4). Esse foi o 12º baixa consecutiva da moeda americana, que chegou a menor cotação desde novembro do ano passado. No pregão, ela passou a ser cotada a R$ 5,75, às 13h45.
Na análise de Emerson Vieira Junior, que coordena a mesa de câmbio da Convexa Investimentos, dois fatores foram determinantes para a nova diminuição do dólar em comparação ao real.
Teve, tal como, um arrefecimento na tensão em volta da guerra comercial que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu anunciar contra o Canadá, o México e a China – e vários outros países e blocos econômicos.
O republicano já aumentou os encargos de importação para produtos desses três países, porém postergou a aplicabilidade das sobretaxas durante um mês para canadenses e mexicanos. Declarou também que dialogará com o presidente da China, Xi Jinping, sobre o assunto, o que pode apontar algum tipo de solução acordada para o problema.
Permuta
Por esse motivo que inicia a consolidação no mercado a análise de que Trump tem utilizado a coação das tarifas como instrumento de pressão para alcançar benefícios de países com os quais os EUA continua com conflitos. Isso mesmo que esses entraves não possuam relação com questões acerca do comércio global.
Para impedir a sobretaxa, por exemplo, os mexicanos assumiram a responsabilidade de enviar 10 mil integrantes da Guarda Nacional para a fronteira com os EUA para controlar o tráfico de drogas. Os canadenses asseguraram o projeto de investir US$ 1,3 bilhão na divisa entre os dois países, para reprimir o crime organizado, o contrabando de fentanil (um opioide utilizado como medicação para a dor) e a lavagem de dinheiro.
“Com seguidos avanços e retrocessos nas ameaças, o mercado acredita que entendeu o modus operandi de Trump”, declara Vieira Junior. “Ele foi muito agressivo na largada e depois alterou o tom. Agora, a ideia é que a situação do comércio internacional pode não piorar tanto como as pessoas esperavam inicialmente e o comportamento do dólar reflete essa análise”.
Mercado de trabalho
A segunda causa que ajudou com a valorização do real, assinala o analista, tem relação com informações sobre o mercado de trabalho nos EUA, publicados nesta terça.
Informações do relatório Job Openings and Labor Turnover Survey (Jolts) revelam que foram geradas 7,6 milhões de vagas de emprego em dezembro na economia dos EUA. Os analistas presumiam 8 milhões. Em novembro, o número tinha permanecido em 8,2 milhões. Isto é, a abertura de cargos de trabalho está em diminuição.
Esse, analisam economistas, é um indicativo de desaceleração da economia local, apesar de não ser viável aferir com precisão a intensidade desse tombo. Mesmo assim, com essa deslocação de baixa dos empregos aumenta a porcentagem de os juros recuarem – ou não retornarem a aumentar – nos Estados Unidos.
Isso se configura como uma boa notícia para os outros mercados, sobretudo os emergentes – exemplo do Brasil. Devido ao fato das taxas de juros altas cativam dólares para a economia americana. Um curso nessa via desvaloriza as outras moedas.
Bom humor
Veira Junior analisa que o mercado brasileiro vem demonstrando expressões de “bom humor”. De acordo com o analista, isso acontece quando notícias não tão importantes têm resultado positivo e auxiliam a diminuir a cotação do dólar. “Foi o que aconteceu com os dados do relatório de empregos nos Estados Unidos”, declara. “A cotação da moeda americana caiu logo depois da divulgação dos números, mesmo que eles não tenham sido tão importantes”.
Nova diminuição da Bolsa
A Bolsa brasileira (B3) atuava em diminuição na tarde desta terça-feira (4). Às 17 horas, o Ibovespa, o principal índice da B3, apontava declínio de 0,44%, a 125.397 pontos. No pregão, as ações de Petrobras e da Vale, que possuem grande força no indicador, diminuíam 1% e 0,40%, respectivamente.