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Dólar fecha a R$ 5,83 e perde mais de 5% em janeiro, com foco em tarifas de Trump

Ao todo, a moeda norte-americana acumulou desvalorização de 5,31% ao longo do mês de janeiro

Por FolhaPress
Ás

Atualizado
Dólar fecha a R$ 5,83 e perde mais de 5% em janeiro, com foco em tarifas de Trump

Foto: Pixabay

O dólar fechou em queda de 0,30% nesta sexta-feira (31), cotado a R$ 5,835, no que foi a décima sessão consecutiva de perdas ante o real.

Ao todo, a moeda norte-americana acumulou desvalorização de 5,31% ao longo do mês de janeiro.

Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,61%, a 126.135 pontos. No entanto, o índice fechou janeiro com alta de 4,85%, após quatro meses de queda, e com entrada líquida de R$ 4,1 bilhões de investimento estrangeiro.

O volume financeiro nesta sexta-feira somava 18,46 bilhões de reais antes dos ajustes finais.

Nesta sexta, investidores estiveram atentos aos novos anúncios da política tarifária do presidente Donald Trump e aos dados de inflação dos Estados Unidos. Já na ponta doméstica, o foco esteve voltado aos números da dívida pública do país, que vieram em linha com o esperado, e à formação da Ptax -taxa de câmbio de referência do BC (Banco Central)- de fim de mês.

As atenções dos mercados globais estiveram novamente voltadas às ameaças tarifárias de Trump.

O presidente norte-americano reafirmou, na véspera, a promessa de impor tarifas de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá a partir deste sábado, 1º de fevereiro. Os planos foram confirmados pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, nesta sexta.

Os países são dois dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, e a taxação seria uma punição pelos fluxos de imigrantes indocumentados e de carregamentos de opioide fentanil. Também estão nos planos tarifas de 10% sobre todos os produtos da China, citando a suposta participação do gigante asiático no comércio de fentanil.

Segundo especialistas em comércio, a imposição de tributos mais altos pode afetar fluxos comerciais, aumentar custos e provocar retaliações. Na economia doméstica dos EUA, ainda há o risco de um repique inflacionário, o que pode comprometer a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados -o que fortalece o dólar.

Por esse motivo, a moeda abriu em forte alta em diversas praças cambiais nesta sexta. No Brasil, atingiu a máxima de R$ 5,901 (+0,82%) logo no início das negociações.

"Trump é conhecido pelas declarações vagas, então não sabemos ainda como vai acontecer. Mas parece que, efetivamente, vão entrar em vigor amanhã as primeiras tarifas de importação do novo governo", diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

"Isso reacende os receios de uma guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos, que pode ter pressões inflacionárias dentro do país e pode prejudicar o crescimento econômico dos parceiros comerciais. Esses fatores acabam beneficiando o desempenho da moeda norte-americana em relação às demais e são um fator de pressão sobre o real."

Mas, em um dia de agenda cheia, a atenção dos investidores também se voltou às frentes macroeconômicas.

O PCE (índice de preço de consumo pessoal), um dos principais indicadores de inflação dos Estados Unidos e o preferido do Fed para monitorar o avanço dos preços, acelerou para 2,6% na leitura anual em dezembro, ante 2,4% no mês anterior.

Na base mensal, o avanço foi de 0,3%. Já o núcleo do índice, que exclui componentes voláteis, cresceu 0,2%. Os resultados vieram exatamente em linha com o esperado por economistas consultados pela Reuters.

"De certa forma, 0,2% no núcleo de inflação é um dado moderado, apesar de ter avançado em relação ao 0,1% de novembro. Isso indica que as pressões inflacionárias podem ser um pouco menores do que se pensava. O Fed não vai se basear na leitura de um único mês para tomar decisões de juros, mas é um primeiro indício de que a estabilização dos preços em direção à meta está progredindo", diz Mattos.

Operadores precificam que o próximo corte nos juros norte-americanos irá acontecer em junho. Na reunião desta semana, a autoridade monetária interrompeu o ciclo de afrouxamento, em curso desde setembro do ano passado, e optou pela manutenção da taxa no patamar de 4,25% e 4,5%.

O dólar, diante disso, devolveu os ganhos da sessão e aprofundou a queda. A volatilidade no câmbio também é atribuída, segundo especialistas, à formação da Ptax de fim de mês. Calculada com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax é uma taxa de câmbio que serve de referência para a liquidação de contratos futuros.

Além disso, analistas enxergam um movimento contínuo de correção de preços dos ativos brasileiros neste início de ano, após forte desvalorização no final de 2024.

"Estamos em um consistente movimento de correção no câmbio e, com recesso parlamentar, medidas brandas do Trump e a boa recepção do mercado sobre o Copom, tem espaço para chegarmos a R$ 5,80", diz Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC manteve a indicação da reunião de dezembro e aumentou a Selic a 13,25% ao ano na quarta-feira, no que foi o primeiro encontro sob o comando de Gabriel Galípolo –nome de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão foi unânime entre todos os membros do colegiado.

No comunicado, o comitê reafirmou a sinalização de que pretende fazer mais uma alta de 1 p.p. na próxima reunião, em março, citando a "continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação". No entanto, evitou se comprometer com qualquer ritmo de ajuste a partir da reunião de maio.

A falta de indicação para as decisões futuras abriu margem para a interpretação de que o pico da Selic pode ser menor do que o esperado anteriormente.

Ainda na ponta doméstica, dados do BC desta sexta mostraram que a dívida bruta do Brasil fechou 2024 em 76,1% do PIB (Produto Interno Bruto), alta de 2,2 pontos percentuais no acumulado do ano. Em dezembro, o saldo da dívida bruta ficou em R$ 9 trilhões.

A dívida bruta -que compreende governo federal, INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e governos estaduais e municipais- é um dos principais indicadores econômicos observados pelos investidores na hora de avaliar a saúde das contas públicas. A comparação é feita em relação ao PIB para mostrar se a dívida do governo é sustentável.

Esse foi o segundo ano seguido de aumento da dívida pública brasileira, que cresceu 4,4 pontos percentuais desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No fechamento de 2023, a dívida bruta brasileira estava em 73,8% do PIB. A trajetória da dívida bruta é hoje um dos focos de preocupação do mercado financeiro e da própria equipe econômica.

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