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Cultura

‘Ecos Malês’: exposição faz homenagem aos 190 anos da revolta formada somente por africanos em Salvador

A Revolta dos Malês foi um levante contra a escravidão formada por mais de 600 africanos

Por Giovanna Amorim
Ás

Atualizado
‘Ecos Malês’: exposição faz homenagem aos 190 anos da revolta formada somente por africanos em Salvador

Foto: Farol da Bahia

A Casa das Histórias de Salvador, o 1° Centro de Interpretação do Patrimônio do Brasil, iniciou neste mês de novembro a exposição “Ecos Malês”, em homenagem aos 190 anos da revolta formada por negros africanos, escravizados e não escravizados, que tomou as ruas de Salvador em prol da liberdade no século XIX. Ela estará aberta para visitação até maio de 2025.

A Revolta dos Malês foi um levante contra a escravidão na Bahia, que aconteceu no dia 25 de janeiro de 1835. A rebelião ganhou destaque pois foram mais de 600 africanos muçulmanos que usaram da fé e a cultura para a organização e determinação do movimento. A palavra ‘Malê’ significa ‘muçulmano’, em iorubá.

Vestindo um abadá branco - traje típico dos muçulmanos - e empunhando armas, todos traziam no peito patuás - um tipo de amuleto - simbolizando as diversas crenças. Apesar da maioria ser muçulmana, o islamismo não era a única religião que representavam, muitos malês também incorporavam a reverência aos orixás, nkisis e voduns. 

Foto: Farol da Bahia

A co-curadoras da exposição, Mirella Ferreira, explicou ao Farol da Bahia que a importância de conhecer a história da revolta através do olhar dos 48 artistas vai além da propagação de conhecimento, mas se baseia, principalmente, em conhecer o pensamento intelectual deles na contemporaneidade. 

“Inspirados pelos ecos dos Malês, mas que ecos são esses? No sentido de: o eco do ímpeto, da revolução e da luta por liberdade. Como é que as pessoas negras da atualidade pensam e fomentam a liberdade na contemporaneidade”, explicou Mirella.

Foto: Farol da Bahia

A exposição foi dividida em três eixos centrais: 

Ruas da Revolta: aborda a ação política do/as artistas no exercício urbano, relembrando figuras históricas como Carlos Mariguella e Luísa Mahin. 

Encontrar: dialoga sobre afeto a partir da união dos negros, pulsando uma força política e promovendo um senso de pertencimento, compartilhando a esperança em um futuro de plena saúde física, espiritual e mental, no qual a comunidade negra florece, se fortalece e se reinventa. 

Inventar (Liberdade e Defesa): no último eixo, os artistas projetam um futuro livre através da liberdade espiritual e memórias. 

Dessa forma, ‘Ecos Malês’ tem o desejo de inspirar os visitantes à busca pelo conhecimento das movimentações históricas e atuais protagonizadas por personalidades negras que lutaram e lutam em prol da liberdade. 

Foto: Farol da Bahia

Casa das Histórias de Salvador: o 1° Centro de Interpretação do Patrimônio do Brasil

O Centro de Interpretação do Patrimônio, através de reproduções, conteúdos digitais e/ou linguagens interativas e tecnológicas, estimula a reflexão e participação do visitante para que este faça as suas próprias conexões e interpretações sobre o tema apresentado. 
O mediador da CHS, Orin Baobá, contou ao Farol da Bahia que o visitante tem acesso aos três núcleos da casa: Natureza, Território e Cultura, mostrando camadas da cidade por perspectivas de pessoas nem sempre visíveis. 

Ele também ressaltou sobre a acessibilidade do espaço e acervo, contando com peças táteis de imagens bidimensionais - peças criadas com diferentes relevos e texturas para valorizar a percepção tátil da pessoa com deficiência visual; audioguia descritivo para conduzir a pessoa com deficiência pelo espaço; videolibras para as pessoas com deficiência auditiva; textos em fonte ampliada e em braile e muito mais. 

A Casa das Histórias de Salvador está aberta de terça a domingo, das 9h às 17h (com entrada até às 16), e os ingressos são R$20 (inteira) e R$10 (meia), podendo garantir o seu na própria bilheteria da CHS, quanto na plataforma do Sympla. Com o mesmo ingresso, os visitantes também podem visitar a galeria do Mercado - o subsolo do Mercado Modelo. 

Os museus de Salvador tem gratuidade às todas às quartas-feiras. 
 

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