Eleições para conselhos tutelares geram novos embates entre direita e esquerda no país

A eleição para os conselhos tutelares no Brasil tem se tornado uma disputa entre políticos de esquerda e direita, com cada grupo buscando emplacar seus candidatos nos órgãos municipais responsáveis pelos direitos das crianças e adolescentes.

Há uma divergência na agenda dos conservadores, que buscam fortalecer o poder dos pais sobre as crianças, e grupos de esquerda, que defendem o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pautas como o acesso ao aborto para vítimas de violência sexual.

Políticos das duas vertentes ideológicas têm atuado para influenciar o processo eleitoral dos conselhos tutelares, buscando eleger candidatos alinhados aos seus princípios e estabelecer uma relação próxima com representantes sociais que têm contato direto com a sociedade.

Os deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e Jilmar Tatto (PT-SP, por exemplo, enviaram um ofício ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, pedindo transporte público gratuito para facilitar o deslocamento de eleitores.

Do outro lado, os deputados Gustavo Gayer (PL-GO) e Capitão Alden (PL-BA) também têm se engajado, ambos embalados pelo discurso de que a esquerda tenta implementar a agenda do que eles chamam de "ideologia de gênero".

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também tem se manifestado em vídeos compartilhados em grupos de WhatsApp, incentivando a escolha de candidatos associados à direita nos conselhos tutelares, com o objetivo de evitar uma suposta doutrinação de esquerda e garantir a tutela das crianças de acordo com princípios conservadores.

Em contraponto, a vereadora de Belo Horizonte Iza Lourença (PSOL) publicou um vídeo em que explica as atribuições de um conselheiro tutelar e diz que é “importante escolher pessoas comprometidas com os direitos de todas as famílias”.

As eleições

As eleições para os 6,1 mil conselhos tutelares espalhados pelo Brasil irão definir 30,5 mil representantes já neste próximo domingo (1). As vagas têm mandato de quatro anos e são definidas por eleições diretas em cada cidade. O último pleito, em 2019, atraiu 100 mil eleitores.

O local de votação pode ser consultado no site do Tribunal Regional Eleitoral ou da prefeitura. Os eleitores têm das 8h até às 17h para deixar o seu voto.