Em crise financeira, ONU congela contratações e corta programas
Instituição depende das contribuições dos estados, mas enfrenta forte pressão devido a conflitos e crises humanitárias
Foto: Juan Seguí Moreno/Flickr
A Organização das Nações Unidas (ONU) enfrenta uma grave crise financeira neste início de 2024, devido às demandas globais e à dificuldade em encontrar novas fontes de receita. Documentos obtidos pelo imprensa revelam que a organização congelou contratações, fechou mais escritórios ao redor do globo e solicitou que os departamentos reduzam os gastos em diversos programas.
Atualmente, a ONU depende das contribuições dos estados, mas enfrenta forte pressão devido a conflitos, crises humanitárias e um grande número de refugiados. Além disso, a dívida crônica dos EUA com a instituição continua sem solução.
Os cortes agravam o que já é visto como uma das piores crises de credibilidade da instituição, que não consegue oferecer respostas eficazes para os conflitos no Sudão, Gaza ou Ucrânia. No entanto, a ONU ainda é responsável por atender mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo que dependem da assistência internacional para sobreviver.
Numa carta interna enviada a todos os diferentes departamentos, a cúpula da entidade deixou claro que a situação não era confortável.
"Apesar da menor arrecadação de contribuições nos últimos cinco anos, conseguimos garantir o pagamento ininterrupto dos salários dos funcionários e das faturas dos fornecedores. No entanto, nesse processo, é provável que terminemos o ano com nossas reservas de liquidez do orçamento ordinário em grande parte esgotadas", alertou Chandramouli Ramanathan, controlador e secretário-geral adjunto para Planejamento, Finanças e Orçamento de Programas.
Segundo o porta-voz, a instituição iniciou 2023 "com um saldo de caixa positivo de quase US$ 340 milhões. Isso nos permitiu absorver muitos dos choques de liquidez durante o ano". Para 2024, no entanto, o cenário é ainda pior. "Começaremos 2024 com um déficit de caixa significativo que terá corroído a maior parte de nossas reservas de liquidez do orçamento regular", alertou.
No comunicado, o gestor ainda agradece às equipes por "administrar coletivamente a liquidez da Organização durante um período difícil e solicitar novamente sua compreensão e cooperação ao planejarmos a administração da liquidez para as operações de 2024". "Espero sinceramente que o Ano Novo nos traga uma boa notícia", conclui.